Noites e noites se
passam; seus intervalos – os dias – também correm, até se tornarem semanas entre uma dada noite e a última
visita deste escriba e canalha a seu bar favorito da rua Angústia. E assim a
falta daquele ambiente bate; por isso,
ele decide, de supetão, visitar o bar em
plena noite de quarta-feira, já quase madrugada de quinta: após terminar as
duas últimas emocionantes matérias institucionais que deve a seu atual cliente
regular, calça as botas, apanha o casaco e sai, decidido e ousado noite afora(pura
pose e ironia esse trecho: este sujeitinho mora a menos de quinze minutos a pé
da parte mais boêmia e agitada da rua em questão).
Enquanto caminhava,
assaltado por uma saraivada de pensamentos à la monólogos interiores de
Ulisses, do mestre James Joyce – estou finalmente lendo da forma correta essa
obra-prima e atordoado por tanta genialidade, sejam tolerantes com a citação
barata! – pensando no mundo, na vida, no universo, caos, sexo, morte, mulheres,
bebidas, sabiás que cantam a plenos pulmões às três da matina, a desgraça que
este país virou e tudo mais, uma constante varava minha consciência, em meio ao
caos semiótico: o tempo, a passagem do tempo, como algumas pessoas conforme
envelhecem tornam-se mais sábias e outras aparentam nada aprender com a vida
(devo confessar aos leitores que na maior parte do tempo me incluo no primeiro grupo mas por vezes
tenho sérias suspeitas de pertencer, isso sim, ao segundo).
Eis que alcanço o
bar, um dos últimos redutos do verdadeiro rock na rua Angústia e em todo centro
de São Paulo, como não canso de bradar. Sou
saudado pelo dono, que logo me serve minha cerveja favorita e nos
sentamos para prosear, filosofar, discutir política, rock, a desprezível
espécie humana e tudo o mais que pinta numa boa conversa de bar. Logo a
conversa cai nos demais membros da dita elite do bar, que já citei em outras
postagens desta tranqueira, os quatro frequentadores fieis (eu incluso), um
tanto mais idosos que a média dos presentes, principalmente nas noites dos
finais de semana, que foram nomeados pelo próprio dono como a elite intelectual
e social de seu ponto comercial. Pois um desses membros do quarteto, uma moça
que em breve estará na casa dos quarenta anos, protagonista de postagens
recentes ( é nada menos aquela doida que, obcecada por um zé ruela que a comeu
direitinho, com direito a orgasmo intenso, deu para causar escândalos no bar,
quando vê o tipinho conversando com outra mulher. Lembraram-se, caros
leitores?) foi objeto de outro relato do dono: após mais um escândalo feito
pela doida, foi obrigado a intimá-la , uma cliente fiel e antiga, na frente de
todos, com direito a soco no balcão do
bar, para encerrar os chiliques por causa de tão desprezível ser ou teria de
proibi-la de adentrar o local...
O segundo relato que
ele me transmitiu é protagonizado por outro indivíduo que já brilhou em postagem
do blog, datada de uns dois anos.
Trata-se do sujeito, já entrado nos quarenta anos, que, enroscado em um
relacionamento complicado com uma autêntica ‘chave de cadeia’, arrumou briga
com outros frequentadores do bar, por conta da jubebox de cds, por pura
insegurança e desejo de se mostrar machão e dominante para ela...(E caros
leitores, conheço a moça. Não vale uma briga de bar). Aparentemente, o sujeito
tomou juízo e rompeu com a sujeita, mas ainda eram vistos em conversas
sussurradas de rostinhos próximos. Até que uma noite, tomado por sabe-se lá que
impulso masculino idiota(desculpem o pleonasmo), encrespou com uns sujeitos que
conversavam com sua musa(blarghh!!) e apanhou duas vezes na mesma noite, de
caras diferentes! (com direito a dedo quebrado).
O dono do
estabelecimento, com sua usual e exuberante sabedoria, desfilou observações
venenosas e precisas sobre ambos. E eu, que pouco antes de chegar ao local, me
julgava um cara que pouco ou nada aprendeu da vida percebi que não é bem assim,
que deveria ser um pouco mais condescendente comigo mesmo. E em meio mais um
copo de cerveja, após ouvir os relatos e reflexões daquele sábio homem, concluí:
– Cara, como o ser
humano é ridículo!
Saudações canalhas e cafajestes