Sábado à noite, este escriba prepara-se para uma noitada tranquila e sem grandes pretensões em seu bar favorito (sem grandes prentensões, afim de uma noite 'sossegada', até o momento em que topa com o movimento da noite de São Paulo e, diante do infinito de mulheres, manda a calma e o sossego para o quinto dos infernos e passa a traçar planos grandiosos e libidinosos, como todo homem soi fazer ao cair na vida, sempre).
Ele adentra o bar, cumprimenta o dono, os habitués, a dita elite do bar - à qual ele pertence - pede uma cerveja e senta-se na mesa com os companheiros de noitada. Eis que dos fundos do estabelecimento brota o grito:
- 'X' ??!!! Não acredito!
E uma mulher na casa dos quarenta anos, já visivelmente 'alegrinha' por umas doses vem ao seu encontro como um pé de vento, o abraça, o agarra, numa alegria e efusividade impossível de ser ignorada, se houvesse um morto sendo ali velado, até ele se espantaria com a cena. Era nada menos que uma antiga ficante, um caso rápido que ele teve há uns anos e que dispensou com um tanto de elegância e um tanto do dito 'ghosting', se é que me entendem. A moça (não mais tão pertencente a essa condição), ficou na ocasião encantada e me considerava um verdadeiro guia, um mestre de sabedoria e cultura (vejam a que ponto pode chegar o desespero das mulheres!) e pela reação, assim ainda achava.
Pragmático e canalha como sempre, este escriba avaliou a moça, após conseguir se soltar do abraço. Bem caros leitores, como dizer? A dama em questão perdera quase todos dotes físicos que possuía, em bom 'canalhês': a infeliz tinha embarangado pacas!A disposição para um possível intercurso físico com aquela criatura meio obesa e ficando disforme era próxima do negativo elevado ao infinito. Imediatamente, senti o cheiro de uma possível encrenca e de uma noite que agora se anunciava sombria e assustadora...
Conversa vai, conversa vem, dou respostas não muito animadoras ou longas, procuro ficar mais na mesa com os parceiros habituais de copo que na mesa da 'moçoila', a qual não cessa de tecer loas sobre minhas cultura e sabedoria para o sobrinho (!!!!) que a acompanha. Não demora a ela sacar que o encontro casual não me animou e o que ela faz, como boa mulher na faixa dos quarenta desesperada em que o espírito de Rê Bordosa carente baixa como pomba-gira ensandecida? Se aprochega na nossa mesa, sem pedir licença e passar a me elogiar em voz alta, dizer que sou seu eterno 'crush', pergunta porque estou fugindo dela e quetais.
Duas vezes consigo escapulir, vou à frente do bar, dou uma volta em um quarteirão inteiro da rua Augusta, na vã esperança que os espíritos noturnos, os deuses da beberagem, da devassidão, Baco, Comus e companhia, me agraciassem com uma companhia feminina mais interessante e principalmente, tirassem aquela criatura do meu caminho.
Pois eis que ao retornar pela segunda vez ao bar, torcendo para que a sujeita tivesse finalmente se mancado ou desaparecido, com que cena topo? Um dos meus parceiros de copo usuais, que estava na mesa, se atracando com a moça, com ardor!
Aliviado, leve, livre e solto, peguei mais uma cerveja e fiquei contemplando o entra e sai de pessoas do bar com renovadas alegria e disposição.
Dias depois, ao relatar este pequeno e patético episódio noturno ao colaborador-mor desta tranqueira, ele, sagaz e mortífero como sempre, fez a definição perfeita da cena:
"Ou seja, 'Y' foi muito amigo: se jogou na frente dos disparos para as balas não atingirem você, foi um verdadeiro escudo humano!"
Bem caros leitores, se o cara tem talento para guerreiro noturno, só posso agradecer.
E não percam: na próxima postagem mais algumas reflexões brilhantes sobre este grande e profundo acontecimento aqui relatado! Aguardem ansiosamente.
Saudações canalhas e cafajestes