Ontem, como faço com frequência, parei para conversar com um dos porteiros do turno da noite, do edifício onde resido, ao chegar em casa. O cara é inteligente, articulado, temos gostos e opiniões parecidos e ele ainda conta muitas tretas (algumas engraçadas) que ocorrem neste prédio fincado bem no Centro de São Paulo, portanto, podem imaginar o que acontece por aqui...
Bem, ontem ele estava tenso, desatento, olhar de perturbação. Perguntei o que se passava e ele disparou: o casamento de mais de duas décadas acabou mas ainda não saiu da casa onde agora ex-mulher e filhos residem, ou seja , está vivendo um verdadeiro inferno cotidiano, dia após dia.
Passei a trocar figurinhas e reflexões a respeito com ele (como já revelei antes nesta tranqueira, sem orgulho algum, já cometi esse desatino, essa burrice, fui casado, em priscas eras...). E mais uma vez aconteceu o que já aconteceu um sem-fim de vezes, ao trocar relatos, com quem quer que seja, sobre a agrura da vida que seja: os sentimentos, sensações e dores são muito semelhantes, quando os problemas são parecidos. Incrível como nós humanos somos prosaicos, limitados, nos repetimos, somos sempre iguais, não importa onde e como vivemos e estamos e o que tenhamos vivido. Certas coisas, incluindo tretas conjugais e comportamentos escrotos, só mudam de endereço mesmo.
Em tempo: procurei aconselhar o cara e expliquei que o processo de separação é dolorido, sofrido pacas, mas depois, com a vida reconstruída, ele passará por um glorioso renascimento.
Saudações canalhas e cafajestes