São Paulo pela noite (Mário de Andrade)*
Meu espírito alerta
Baila em festa e metrópole.
São Paulo na manhã.
Meu coração aberto
dilui‑se em corpos flácidos.
São Paulo pela noite.
O coração alçado
Se expande em luz sinfônica.
São Paulo na manhã.
O espírito cansado
Se arrasta em marchas fúnebres.
São Paulo noite e dia...
A forma do futuro
define as alvoradas:
Sou bom. E tudo é glória.
O crime do presente
Enoitece o arvoredo:
Sou bom. E tudo é cólera.
*Poema publicado em Lira paulistana, edição póstuma, [1946].
Ah, São Paulo desconcertante e infinita, será que um dia (ou noite) conseguirei te definir em um texto, um poema, uma narrativa? Sinceramente, espero que não, pois se isso se consumar talvez o maior mistério que me anima e me atormenta, uma das maiores forças que me impele, será desfeito e isso espero que jamais ocorra, que essa busca pela definição perfeita do que é São Paulo jamais se encerre.
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