Após quase dois dias ausente, alojado que estava na alcova de uma certa e deslumbrante dama, lá pelos lados da zona oeste (ah, uspianas, quantas alegrias vocês nos deram e nos dão!), estou de volta à masmorra em que me oculto da humanidade quando farto dela. Pois enquanto sacava o molho de chaves, parado diante o portão do prédio, a patética espécie humana me (re)lembrou um motivo mais que justo para desprezá-la. Antes, algumas explicações: o edifício em que me escondo é reduto, em boa parte de seus apartamentos, de uma 'galera', 'esperta', 'muderna', 'antenada', e que 'curte a vida', se me entendem. Bem, da janela da sala de um dos 'apês', espalhavam-se na noite sons típicos de uma festinha ou reunião dessa fauna ignara. Eis que meus ouvidos, infelizmente apurados apenas nas ocasiões em que seria preferível a surdez, captou a obra musical, a mediocridade expressa em infelizes e pobres notas musicais: a 'galerinha' acompanhava um tipinho que ao violão entoava ' noite do prazer', 'crássico' dos ânus 80 do senhor claudio zoli (sinto engulhos ao digitar esse nome), uma das mais pueris, idiotas, vazias e medíocres canções pop nacionais da década em questão.
Caros leitores, quando conheci essa belezura, lá nos 80, nos idos dos meus 14, 15 anos, já a julguei todos os predicados acima e outros mais: a pior, mais burra, tosca e rala celebração ao hedonismo, à noite e aos prazeres que provavelmente já foi perpetrada em nosso idioma pátrio. Alguns círculos que eu frequentava me execraram por detestar essa musiqueta; já outros me aceitaram pela mesma razão.
E lá vinham aqueles versos rastaqueras me aporrinhar mais uma vez, em pleno 2015, eu já com mais de 40 anos...
Resmunguei algo contra meus estúpidos vizinhos, entrei apressado e pus um hardão setentista daqueles para tocar...
Saudações Canalhas Cafajestes
Sei bem como é isso, tenho um vizinho tosco que escuta incansavelmente as mesmas músicas sertanejas há meses, noite e dia; mesmo sem querer e odiando já sei as letras horrendas!
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