O acontecimento em si foi até comum, típico na vida de um canalha notívago:
Uma noite qualquer de um fim de semana qualquer. O sujeito(este escriba) estava escolhendo músicas na jukebox, situada nos fundos do bar, quando surge uma mocinha na flor de seus anos, uma goticazinha com ar meio inocente, meio safadinha, que pergunta o que ele pretende selecionar. Ele primeiro responde com um sorriso ou algo próximo disso e diz que colocará, também, o que ela quiser.
Não demora para trocarem o primeiro roçar de lábios e ela anunciar: olha, estou acompanhada. E correr para a frente e parte mais iluminada do bar.
Minutos depois, ele está saindo do banheiro, soam os primeiros acordes de uma das músicas por ele escolhidas e ela ressurge, toda sorrisos e aberta, radiante pelo bom gosto musical dele, que manda os escrúpulos e cuidados às favas e tasca um beijo na moçoila, que o empurra para o banheiro feminino.
A atracação, pegação, pornografia, chamem como preferir, é interrompida por uma sucessão de pancadas na porta que a fazem se desgrudar do canalha, gritar "estou indo!" e se despedir esbaforida.
O cafajeste espera alguns instantes antes de sair, mas mesmo assim topa com o olhar do tal acompanhante da dama, ambos se afastando, um olhar nada misterioso e obscuro para este sujeitinho.
Semanas depois, de volta ao mesmo local, estou logo na entrada, bebendo e proseando.Eis que o tal passa a meu lado. Seu olhar é calmo e breve e não respondo com outro.
Mais algumas semanas, de novo no mesmo bar e quem reaparece? Gotiquinha, que é cumprimentada efusivamente pelo proprietário, passa por mim, lança, talvez por acaso, um olhar indiferente e continua seu périplo noturno. E eu não tentei contato.
Caros leitores, qual a porção de sabedoria a se retirar dessa sequência de eventos?
Simples, cristalino e profundo, e valioso tanto para os homens quanto para as mulheres: a não ser que você seja ou um valentão com compulsão por brigas ou uma garota que adora ver dois homens 'tretando' por sua causa, quando 'furaosóio' de algum desconhecido (como sempre afirmo e comprovo, sou um canalha com princípios: nunca, nunca, nunquinha 'furei os olhos' de algum amigo ou conhecido. Já desconhecidos que dormem no ponto e deixam suas fêmeas à solta...) e este/esta não reagir de imediato, deixe estar, prezar sua vida noturna de canalhices sem atropelos e poder frequentar sem dissabores seus pontos de boêmia e galinhagem são a verdadeira atitude e sabedoria de um verdadeiro canalha (e de uma verdadeira safadinha).
Saudações canalhas e cafajestes
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