Os caros e fieis leitores certamente hão de lembrar das postagens, um tanto recentes, sobre uma conhecida deste sujeito, ex-frequentadora assídua de meu bar favorito. Ex-assídua porque, conforme aqui relatado, o dono deu um ultimato à doida, farto das confusões que ela arrumava no estabelecimento: ou tomava jeito, parava de se transformar em uma pomba gira encarnada em um demônio da Tasmânia, a cada vez que via seu ex-caso a conversar com outra mulher, ou ele a proibiria de adentrar o local (já relatei essa história com mais detalhes).
Bem, além disso, a perturbada moça deu para arrumar confusão com outro frequentador assíduo do local, amigo de uma moça integrante de nossa turma. Pois ela desandou a berrar e ameaçá-lo da forma mais selvagem, por causa de brincadeiras desnecessárias, mas um tanto inocentes, que não são para tanto. Qual o resultado? Novo ultimato do dono, ainda mais firme, e o desaparecimento temporário da moçoila, devo confessar, para alívio de nós, a turma considerada a elite do bar por seu dono, cansados dos desatinos, de ouvirmos queixas sobre uma barra a qual ela não queria solucionar, de pagarmos cervejas semana após semana para ela e nunca recebermos um copo em troca.
Fiquei algum tempo(não mais que três semanas...) sem dar as caras no boteco. Ao retornar, recebo a notícia que a doida raramente tem aparecido e que, quando aparece, o faz no começo da noite, pouco fica e zarpa, sabe-se lá para onde, e que ficou mais comedida - finalmente! Mas o mais interessante veio em seguida: bem próximo desse bar, há outro, um dos últimos redutos de rock ao vivo na Rua Angústia. Pouco vou nesse, tão fissurado sou no primeiro, como os leitores atentos podem perceber. Pois não foi que a doida, também grande frequentadora desse segundo bar, foi dele escorraçada pelos donos, também fartos de suas despirocações?
Caros leitores, ao ouvir isso, foi imediata a associação com a Rê Bordosa de certas tiras que o mestre, o gênio Angeli fez para uma edição especial publicada em meados dos anos 90, após a morte oficial da 'porraloca', tiras que retratam à perfeição esse tipo de mulher, entrada nos 30 anos, cada vez mais azeda, problemática, mergulhada em suas neuras e erros e descarregando-as nas pessoas ao redor, que passam a evitá-la e sejamos honestos, não estão erradas em fazê-lo. Imediata inclusive porque as histórias que ele criou, retratando a São Paulo dos anos 80 e o Brasil da mesma época foram e ainda são uma influência básica, absoluta, na visão de mundo e criações textuais deste sujeitinho.
Testemunhar a decadência social de uma pessoa, lentamente tornar-se uma pária em seus ambientes favoritos, é algo triste e até meio perturbador, mas acreditem, não foi por falta de conselho ou aviso, embora nessa cumbuca tenha mais coisas guardadas em seu fundo (como tudo que envolve nós humanos, aliás).
Saudações canalhas e cafajestes
Nenhum comentário:
Postar um comentário