Aqui estou eu, enfiado na cidade onde vivo há quase 30 anos, desde que nasci. Bem perto da sua mais conhecida avenida, em cujos arredores e esquinas mulheres e homens de todos tipos, tamanhos, formatos e cores, para todos os gostos, desfilam e trocam olhares de medida e aprovação, o artificialismo e pose dos metidos e 'antenados' de um 'pedaço de quarto mundo que se acha primeiro mundo'. Todos fingem serem ativos, criativos, cheios de tesão. E são encarados com amarga dureza por rebeldes baratos e aspirantes a párias autoeleitos como eu, que os encaro, lá embaixo, desfilando suas arrogância e mediocridade. Estou sozinho no apartamento esta noite, minha atual companheira das noites está longe, visitando parentes. Olho pela janela e as grandes torres metálicas luminosas pontuam a cidade, à distância até a enfeitam. E eu penso na estrofe da canção do Ira!:
"Mais um ano que se passa
Mais um ano sem você
Já não tenho a mesma idade
Envelheço na cidade"
Mais um ano se passou e aqui estou, mais velho e sem a quem procuro. Mas quem eu procuro, porra?
Regina? Meire? Célia? Ingra? Lúcia? Carol? Uma de vocês, nenhuma, todas?
Tudo que sei é que estou sem você, seja lá quem for.
Trechos selecionados da página inicial de um projeto literário de juventude, cuja concepção data de quase vinte anos. A página, dada por mim como perdida, ressurgiu há pouco dias, entre outros papéis que há muito não manuseava. Selecionei os melhores trechos(se é que alguma coisa dessa baboseira romântica juvenil pode ser considerada 'melhor', com alguma qualidade) e os amarrei em uma síntese do original.
P. S. : não darei maiores informações ou bandeiras, apenas informo que, obviamente, muita coisa na vida deste escriba mudou e entre outras coisas, sua busca terminou.
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