Um conhecido deste escriba passou por uma situação comuníssima, universal, que todo homem de verdade que já caminhou pela terra já passou: estar muito a fim de uma garota (apaixonado de fato ou só querendo possuir a moça, pouco importa) e esta não lhe dar mínima chance ou atenção reais, quando muito uma graça bem leve, com um toque de desprezo, porque ela está envolvida com um sujeito muito mais bem postado em termos materiais e financeiros. Mas como todos os seres racionais sabem, o mundo é redondo e dá voltas, ao contrário do que as corjas negacionistas e terraplanistas imaginam.
Assim, o boyzinho que desfrutava dos favores da bela dama um belo dia foi morar e trabalhar em terras europeias, bancado pela família, claro, e deixou a moça na rua da amargura. Uma chance que o protagonista deste relato não poderia perder. E não a deixou passar: correu a consolar a moça, que aceitou o ombro amigo sem delongas. Logo, logo o rosto e boca dela tocava mais que o ombro dele...
Eis que um belo dia a bela dama o convoca para um evento e tanto: uma balada com música ao vivo (algum sertanejo horroroso ou um funk carioca anencéfalo qualquer) e depois, o convida para terminarem a noite em um motel nas proximidades. Acontece que a data do grande evento era em uma noite em que ele, funcionário de um restaurante, fora escalado para substituir um colega de licença.
O que fez nosso protagonista? Fingiu estar doente, febril e tomado por uma bela infecção. Para dar maior verossimilhança, baixou no posto de saúde mais próximo, caprichou na encenação, o médico de plantão lhe aplicou uma bela duma injeção de benzilpenicilina benzatina, vulga Benzetacil, exatamente como ele havia planejado e lhe entregou um atestado escrito, contendo inclusive essa informação. (Detalhe: ele estava com a saúde perfeita, não tinha uma mísera unha encravada na ocasião).
Dispensado do trabalho pelo chefe, que segundo ele ficou realmente impressionado com o documento e o estado aparente do rapaz, correu para os braços da dama.
E a noite terminou em alto estilo, no melhor motel das proximidades da balada, com direito a garrafa de champagne no quarto.
Mas não muito depois, a reviravolta. Quem reaparece nesta história? Exato! Boyzinho que se mudou para a Europa às expensas da família riquinha. O rapaz pelo visto estava realmente apaixonado pela moça, pois a convidou a morar com ele no Velho Mundo, bancada nos primeiros meses por ele, incluindo passagem aérea! Claro que ela zarpou sem vacilar ou olhar para trás e deixou nosso protagonista a sós, que no entanto não se lamentou, pelo contrário, conseguira o que tanto intentou, isso que importava.
A moral dessa história, caros leitores, está expressa no título da postagem. Façam isso, sejam isso enquanto podem. No fim da vida, temos duas opções: lamentar ou lembrar. Façam suas escolhas.
Saudações canalhas e cafajestes
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