Há algumas semanas, passando pela Vila Buarque, em pleno final de tarde de um meio de semana, topo com uma cena nas mesas de calçada de um bar/lanchonete grande, de esquina: um velho meio nojento, babão, vestido com camisa de manga comprida, calça 'social', mocassins, cabelos longos e meio desleixados, olhar sedento, sentado com duas mocinhas, elas bem perto uma da outra, bebendo e olhando para ele - que estava com o corpo inclinado para elas - com olhares que pareciam conter muitas coisas.
Claro que não parei para observar a cena, segui adiante, mas ela ficou na minha cabeça por um bom tempo: o que se passava? Quem pretendia se aproveitar de quem, portanto, quem era a vítima e que era o(as) predador(as)? O sujeito parecia, com um pouco de imaginação, um lobisomem do Centro, um caçador, farejando vítimas inocentes, mas ponderei se aquelas duas era tão inocentes.
Mais tarde, cheguei a uma conclusão: o mundo e as pessoas se repetem, o que aconteceu, sempre acontecerá, muitas vezes, em muitos lugares. Por mais que algumas coisas sejam reprováveis, indignas e o mundo evolua e não se aceite mais certas coisas antes tidas como naturais, as pessoas são o que são e certas coisas sempre se repetirão, pelos cantos, recessos e quebradas da vida e do mundo, pois felizmente ou não, os rumos que nossa existência toma são imprevisíveis...
P. S. : cerca de uma semana depois, passei em frente ao mesmo bar, no começo da noite. Paradas em frente à porta principal, duas garotas (outras), na casa dos vinte anos, aparência suspeita, ambas com um olhar nada inocente, medindo, olhando, como se esperando uma vítima...
Saudações canalhas e cafajestes
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