Novo encontro entre este canalha e sua musa favorita e definitiva: ela vem ao antro deste sujeitinho cercando-se de todos os cuidados em tempo de pandemia; ele oferece todos os recursos para ela se higienizar e permanecer segura e confortável, durante sua estada de fim de semana no antro(leia ou releia a postagem de 27 de julho, para compreender com exatidão essa passagem desta postagem).
O fim de semana transcorre muito bem, um típico final de semana de um casa recluso. Até que na noite de sábado ela volta a praticar um dos esportes verbais favoritos dela, perguntar e perguntar sobre as canalhices passadas - e outras nem tanto - dele, ouvir suas histórias e lembranças de sua vida de caçador noturno. A moça exibia e manifestava aquela mistura de indignação e excitamento (ou seja, divertindo-se muito) que as mulheres de verdade, não as mulherzinhas comuns - leia-se medíocres e ciumentas - expressam ao ouvir esses relatos do homem com que estão.
Pois eis que a moça insiste para eu demonstrar como era/é a típica forma de dançar nas principais pistas góticas de São Paulo, dado que ela, nada afeita à vida noturna, não tinha a menor noção de como seria isso e tinha imensa curiosidade sobre como seria essa dança e sobre os rituais e eventos que a cercam - leia-se, como a dança na pista é modo para os casais se aproximarem e se atracarem, por óbvio... Eu, logo eu leitores, fui tomado por uma estranha timidez e me recusava terminantemente a representar a dança, mesmo na penumbra do quarto e nós dois estarmos seminus (digo e repito, nós humanos do sexo masculino somos umas criaturas muito bestas e patéticas).
Pedidos, chantagens, delongas e eis que ajudada pela imensa coincidência de a webrádio que estávamos ouvindo ter iniciado minutos antes um especial de clássicos das pistas góticas de São Paulo nos anos 90, a dama venceu e representei a dança ao som de uma pérola do gótico, ela 'interpretando' a moça que seria abordada por meio do sacolejar dos corpos na pista, a moça escolhida para, como quem não quer nada, se aproximar, se aproximar, trocar olhares...
Enquanto dançávamos ou quase isso, ela perguntou, um olhar entre malicioso e indignado brilhando naqueles belíssimos olhos:
- Essa é então a dança do acasalamento do Madame Satã, The The, Morcegóvia, After Dark, Tribe House e todos esses buracos que você frequentava?
- Sim, basicamente. - Ela ri como resposta, me joga na cama e nos entregamos a mais uma sessão de atracamento, beijos e carícias. Depois de algum tempo, largados na cama lado a lado, estamos ouvindo com atenção o especial gótico (só coisa fina, clássico atrás de clássico). Eis que o apresentador do programa anuncia: "e agora, um clássico das pistas góticas de São Paulo que era verdadeira música ritual de dança do acasalamento, uma música que a morcegada usava em peso para se aproximar da(o) escolhida(o) da noite"
Ficamos por quase um minuto paralisados, dominados pela música, até que desatamos a rir.
Então vem o ápice, o clímax e a parte mais assustadora dessa pequena história ocorrida em um quarto de um apartamento qualquer do Centro de São Paulo, numa noite de sábado:
Ela me encara no fundo dos olhos e dispara um 'HA HA HA HA' bruxesco do mais assustador que ouvi na minha patética existência.
A música em questão está logo abaixo.
Nada mais a declarar, saudações canalhas e cafajestes.
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