Quando atinge e depois supera os quarenta anos, o sujeito tende a, quanto aos anos de sua 'juventude dourada'(sim, esse termo é bastante irônico), tratá-los de uma de duas formas principais ao rememorá-los:
1) lembrar deles mais com nostalgia, afeto e complacência;
2) sem negar como eram tempos mais simples, felizes e incosequentes, reconhece quão idiota ele e os seres com que convivia (muitas vezes forçado)eram.
Bem, o sujeitinho que vos escreve confessa que anda dado a essa prática de lembrar os tais velhos tempos (quem não, neste tempo deprimente que vivemos?) Para evitar ser engolido pela nostalgia barata, um monstro que sempre está à espreita, depois que passamos da quarta década de vida, para nos devorar e dominar por completo, este escriba trata de sempre temperar as lembranças do passado com providenciais e elevadas doses crítica virulenta à maioria das pessoas que passaram sua vida, muita autocrítica a ele mesmo, desdém pela humanidade em geral e absoluta falta de levar e se levar a sério, para que o sentimentalismo barato não o transforme daqui a uns anos em um velho saudosista, criatura mais que patética, convenhamos!
Pois um dia (ou seria noite?) desses lembrei, ao repassar aquela época 'empolgante' da minha vida uma prática que foi comum na periferia de São Paulo (minha região natal, apesar de morar no Centro há muitos anos) na segunda metade dos anos 80 e começo dos 90: uma modinha de casais de adolescentes, com poucos meses de namoro - dois, três, não mais que isso muitas vezes - envergarem, orgulhosos, para todo mundo ver, uma tais 'alianças de compromisso', que na quase totalidade nada eram além de aneis folheados a prata bem vagabundos, ostentados para anunciar ao mundo - leia-se, família, escola e bairro - que estavam apaixonadinhos e unidos por 'fortes laços' (ouvi isso da boca de colegas de escola e até de primos!).
Não sei se a modinha prosperou, deitou raízes entre a garotada e foi transmitida para as gerações seguintes (os filhos que muitos deles tiveram precocemente, ainda na adolescência), o que sempre soube sobre isso é que não passava de compromisso é com a burrice e conservadorismo. Imitar os ridículos ritos do casamento tradicional cristão-burguês bem na época da vida em que se deve chafurdar pesadamente na porralouquice não passa de atestado de imbecilidade.
Saudações canalhas e cafajestes
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