Noites Cafajestes à venda

Noites Cafajestes está de novo à venda, agora no site da Amazon Brasil: clique no link abaixo, e digite o nome do livro na pesquisa loja kindle, no alto da página.
Um verdadeiro guia de comportamento e sabedoria canalhas e cafajestes por R$6,00.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Coisas que um homem não deve entender

Há ações de certas mulheres que um homem de verdade, um macho canalha convicto, não consegue entender, e principalmente, não deve tentar, pois desconfio que se soubéssemos porque essas mulheres fazem certas coisas, a revolta elevaria tanto nossa canalhice, nossas atitudes porcas, que elas atingiriam um nível estratosférico o bastante para sermos proscritos do mais podre puteiro, nos tornaríamos insuportáveis a nós mesmos.
Por que o caro Alex B está, mais uma vez, tão revoltado, mas, ao que parece, um pouco mais que o habitual?
Madrugada de sábado. Este sujeitinho chega ao porão de um bar de rock do centro, refúgio da nata dos frequentadores do pé-sujo. Ele sequer consegue encostar na bancada sebosa e pedir um rockão daqueles para seu amigo, comandante da mesa de som: uma bela moça de cor jambo e sorriso insinuante surge de uma dimensão ao mesmo tempo luminosa e trevosa, do reino dos sonhos eróticos dos machos imbecis, achega-se nele sem uma palavra, sem anúncio e põe-se a afagar e cheirar suas longas madeixas, enquanto dispara mais sorrisos e elogia o perfume de seu tecido capilar.
O sujeitinho cerca a cinturinha da doce e maligna criatura com os braços, cheira os cabelos dela, emite um galanteio muito mais expressão hormonal que discurso articulado e quando parte para o óbvio recebe um não e a afirmação de que "não é uma dessas". Ele respira fundo, entende e aceita a clássica autovalorização do produto que tantas mulheres praticam noites afora, supõe que é parte do joguinho de charme que antecede a consumação e portanto decide continuar a brincadeira. 
Pouparei os caros leitores e não reproduzirei o discurso mais e mais desconexo com que ela me castigou, como e porque tive de recolher o conteúdo da bolsa dela do chão por duas vezes em cinco minutos... Saltemos para a cena em que eu e ela estamos dentro do balcão, eu nomeado novo responsável pelo fundo musical do porão. Ela atraca-se ainda mais em mim, enfia uma de minhas pernas entre as suas, força meu joelho contra seu, digamos, baixo ventre, dá uma bela chave de pernas e sussurra nos ouvidos desse paspalho: "vai, aperta, vai, bem forte!"
Obedeço, claro, perdendo o juízo a cada segundo. Envolvo a fadinha das trevas mais uma vez e puxo seu rosto, decidido a acender os baixos instintos da garota e partirmos para um local mais apropriado. Como ela reage? Sim, caro e sagaz leitor, ela me repele de novo e dispara: " ai! tá pensando que sou assim, é?"
Desfiz o amplexo de pernas, deixei a garota com seus problemas e tiques(ainda tive tempo de assistir ao conteúdo da maldita bolsa desabar no chão infecto pela terceira vez) e rumei para o térreo, onde me abasteci de cerveja e me pus a papear com conhecidos.
São coisas  como essa, leitores, que não devemos compreender, porque a fonte última delas ou é de rolar de rir de tão infantil ou de enlouquecer de raiva. A ignorância pode ser benéfica e preservadora.
Saudações canalhas e cafajestes,

P.S. : em breve o livro estará à venda no Publique-se, site de livros digitais da Saraiva.