Noites Cafajestes à venda

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Um verdadeiro guia de comportamento e sabedoria canalhas e cafajestes por R$6,00.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A HQ mais adulta ( no sentido de profunda, madura, rica) já feita

Segue uma resenha da obra literária da década, um compêndio de sabedoria, verdadeira, densa, incômoda e necessária que todo homem de verdade deve ler e reler... indignem-se com o que está abaixo.



A graphic novel mais comentada nos EUA este ano, até agora: as memórias de Chester Brown sobre o período em que teve relação com prostitutas, em uma espécie de ensaio em defesa do sexo pago e contra a tirania do amor romântico.
Se você achou estranho o primeiro parágrafo, este aqui talvez compense: nunca vi outra HQ ter Robert Crumb, Neil Gaiman e Alan Moore tecendo elogios juntos na quarta capa. E os três não costumam gastar teclado pra qualquer coisa.
Paying for It: A Comic-Strip Memoir About Being a John é, em outras palavras, um relato autobiográfico sobre ser um “john” – gíria utilizada no inglês para os clientes das profissionais do sexo. Brown faz o inverso do anonimato de um “john”: revela em quadrinhos, uma a uma, as relações que teve com prostitutas durante um período de seis anos.
Quem espera algo pornográfico ou minimamente erótico vai broxar. Por mais que a HQ tenha cenas de sexo, elas só parecem estar ali pela questão burocrática que o autor impõe-se de mostrar graficamente suas experiências. Brown não reforça atributos físicos de nenhuma das moças (que, aliás, nunca têm o rosto desenhado), além de ser cruel com sua própria forma física esquálida, careca e de óculos.
Não contente em fazer seu relato, o autor transforma seu álbum numa espécie de manifesto a favor dos que pagam por sexo e dos que vendem sexo. Entre cada encontro com acompanhantes, Brown mostra conversas que teve com os amigos mais próximos no mesmo período, montando sua filosofia contra o amor e a monogamia.
“Agora vejo que o ideal do amor romântico na verdade é maléfico... O amor causa mais tristeza do que felicidade. Pense em todas as pessoas que almejam o amor mas sentem-se desgraçadas por não conseguir encontrar... É impossível uma única pessoa ser compatível com todas nossas necessidades emocionais e sexuais.” Brown – defensor declarado do libertarianismo - despeja suas frases inclusive sobre amigos famosos, como os também quadrinistas Seth e Joe Matt. Para não deixar dúvidas sobre suas posições, o autor ainda escreve vinte e três apêndices à HQ, rebatendo cada argumento que conhece contra a prostituição.
Com este posicionamento nada usual, Paying for It também não é um quadrinho usual. Não parece haver conflito, nem clímax, nem ênfases. A história anda num movimento arrastado – que parece intencional, visto a desempolgação nas expressões, nos cenários e no estilo das páginas de Brown. Mas se analisado pelo lado de que os quadrinhos devem aceitar cada vez mais gêneros, pode-se dizer que o autor está acrescentando o relato/manifesto ao repertório das HQs. Vale lembrar que em sua obra mais famosa, Loius Riel, ele também inovou na forma de contar História com H maiúsculo em quadrinhos.
Paying for It é uma obra curiosa por todos os motivos acima. Justifica todo o falatório. E pode dar bom combustível para conversas de bar sobre amor, sexo, relacionamentos e dinheiro. Da minha parte, o que acho mais interessante é ver essa discussão ser provocada por um gibi.
PAYING FOR IT tem 292 páginas e custa US$ 24,95

Texto retirado do site Omelete ( www.omelete.uol.com.br)

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Descobertas feitas em mesas de bar e registradas em guardanapos - XX

"Eu tenho um problema para me comunicar e me fazer entender com as pessoas, deve ser porque falo muito correto"
A pensata acima não foi colhida em uma mesa de bar imundo, pouco recomendável e por isso atrativo a canalhas como eu; foi ouvida há pouco mais de duas horas, em um ônibus, enquanto eu atravessava esta cidade congelada e voltava para minha toca. Um casal discutia acaloradamente (entenda-se: acusações mútuas, voz alterada, rancores velhos irrompendo à toda), sem dar a mínima para os demais passageiros do coletivo, quando a mulher mandou essa. Anotei na minha parca memória, para registrá-la nesta tranqueira, pois apesar de forjada em e para outro contexto, a idéia expressa muito bem o estupor que tenho vivido já há tempos, com a parcela mais jovem do mulherio: quanto mais novas as mulheres, mais repelentes a uma fala correta, uma abordagem desprovida de exagero de gírias, a um galanteio mais elaborado, tanto na forma quanto no conteúdo, reduzindo os cavalheiros (e os canalhas que sabem sê-lo) a tiozões excêntricos e assustadores... Um assunto que deve ser mais explorado e que será retomado em outras postagens, aguardem. 
Saudações canalhas e cafajestes. 

sábado, 13 de agosto de 2011

Uma noite do caçador noturno

Noite de sábado, tempo frio mas agradável. Envergando não o uniforme do dia-a-dia que é obrigado a carregar para sobreviver, mas sim seu verdadeiro traje, a roupa com que se sente ele mesmo – calça justa, botas pesadas e lustrosas, camiseta negra, chamativa jaqueta de couro “rocker”, cabelos soltos, estudado olhar viril e duro – o caçador noturno adentra seu território de caça favorito, onde teve gloriosas e inesquecíveis noites de predador e outras de patético perdedor, onde sempre viveu e presenciou extremos: nessa masmorra não há noitinhas comuns e bestas. Assim, ele espera o inesperado.
Ainda é cedo, o início de uma noitada de rock e metal no centro de São Paulo. Poucas pessoas, poucas mulheres. Após circular um pouco, ele senta-se no que, um bêbado ou um semi-analfabeto ou ambas as coisas chamaria de hall ou mezanino do pulgueiro, para aguardar  a população local se adensar e a primeira bandinha da noite encerrar sua sessão de tort.. quer dizer, show, pois aturar uma bicha gorda imitando cantora de voz fininha é aviltante para um headbanger como ele.
Cerca de 40 minutos mais tarde, ele sente que o momento chegou: música ao menos tolerável vem do palco e há muita gente para lá e para cá. Uma circulada pelos ambientes e a dama é escolhida. O rostinho de menina sapeca (esse termo num blog como este é dose, admito), o cabelo negro e brilhante, cortado numa franjinha displicente, o corpinho... óbvio porque foi a “eleita”. Havia uma amiga, uma garota bonita e atraente, não tanto como a “vítima”, que, o macho cheio de si imaginava, seria sua parceira de uma noite de beijos e prazeres.
Ele as aborda quando circulavam pelo segundo ambiente da masmorra. A garota da franjinha (nome fictício: Denise) respondeu de maneira cortês mas seca. Mas a amiga (nome fictício: Evelin) ouviu a abordagem, empolgou-se com as palavras manhosas do caçador, tomou a dianteira e entabulou uma conversa que cresceu em empolgação e em flertes: ela o ouvia com o rosto cada vez mais próximo, os olhos brilhavam e, súbito, sem nenhuma insinuação ou tentativa de parte dele, ela segurou sua mão, com, ah, como dizer, doçura, tepidez...  
Conversa vai e vem, e ela dispara, à queima-roupa, sem carícias, preliminares ou lubrificação, que não ficará com ninguém naquele lugar e naquela noite, pois acabou de tomar um fora e não está “legal”. O caçador, em silêncio, se pergunta, diante de um sorriso que exala radiância e de tamanha aparente serenidade o que é estar bem para uma garota tão vivaz e em seguida recebe outra na cara: a pessoa que dispensou a gracinha está na masmorra. Mais espanto:
– Seu namorado, ou ex, está aqui?
– Não, namorada, sou lésbica.
O caçador recebe um aviso de seus sentidos predadores que é o momento de discretamente partir, deixar a moça com seus problemas e partir em busca da próxima vítima. Seu plano de fuga é o de sempre e infalível para situações como esta neste lugar: anunciar que vai mergulhar no caos grudento e sufocante da multidão espremida no balcão do “open bar”, fingir que nele entrou, sair pelo canto à direita – sempre movimentado, cheio – e sumir, retomar sua busca pela musa questionável da noite.
Mas o plano infalível falha pela primeira vez: sustentando o sorriso e olhar calmos e sedutores – como as mulheres fazem com facilidade coisas que são difíceis ou impossíveis para os parvos dos homens! – a moça anuncia que vai acompanhá-lo e levando-o pela mão se insinua na confusão e espera pacientemente por seus copos de cerveja barata, para em seguida ir de um lado para o outro, sua doce mão acariciando a pata do caçador. Após uns minutos de desfile, a garota o puxa para um canto. Não, ela não mudou de idéia e não vai cobri-lo de trocas de saliva e afagos. Apenas anuncia:
– Acabamos de passar por ela.
– E como ela é?
Os dois primeiros termos da descrição que Evelin fornece já são bastantes para ele identificar a figura(nome fictício desta: Andressa). Ante a afirmação dele de que reconheceu a namorada maldosa, Evelin pergunta:
– Ela olhou para nós?
– Não, mas percebi na hora que falava dela, pois é uma figura muito chamativa.
Para o bem da preservação dos parcos dotes narrativos deste escriba e da paciência e bem estar de vocês leitores, daremos um salto para cerca de uma hora mais tarde: nesse meio tempo o caçador noturno foi apresentado a alguns amigos da moça, uma turma simpática e afável (calma, eles terão um papel a desempenhar nessa embrulhada), aproveitou enquanto ela contava a eles como fora a briga/dispensa que recebeu e conseguiu sumir, correndo a masmorra por algumas vezes. No “hall”, topa com Andressa aos beijos com outra garota (nome fictício desta: Giovanna) e recebe um aviso de seu sentido predador que a confusão toma proporções preocupantes e seria prudente ficar fora...
Idas ao fumódromo, em que conhece algumas pessoas (mulheres, claro), troca formas de contato com elas, rondas e rondas pelas catacumbas e desvãos da masmorra e eis que sem saber como ele se vê diante de Evelin de novo, Denise ao lado deles. Os amigos da primeira (lembram?) juntam-se ao trio e relatam que Andressa, ensandecida ao vê-la de mãos dadas com um homem, foi em busca de sua ex-namorada (Giovanna), e tascou-lhes uns beijos, apenas para provocar Evelin. Giovanna, ainda apaixonada pela ex, achou que o ato indicava que o retorno se consumaria, que o amor venceu, que elas celebrariam o retorno, o romântico reatamento, com uma interminável sessão de tribadismo no hotelzinho mais próximo... mas descobre em minutos que foi usada como arma de ciúme pela cruel e sem coração ex-namorada, e sai em desabalado choro masmorra adentro.    
Evelin ouve tudo em silêncio. Troca algumas palavras com Denise, cuidadosamente ocultas para ele, e sem aviso elas se agarram e trocam um beijo ardente, bem diante daquele macho aparvalhado (o termo em destaque é redundante, convenhamos), que decide jogar qualquer decoro ou sutileza para as picas e diz a elas que adorou a cena e que um beijo triplo seria ainda mais gostoso. Denise nada diz e afasta-se. Evelin sorri, como sempre, diz para ele esperar, pois precisa ir atrás de Giovanna, consolá-la, desfazer os múltiplos estragos que se disseminam mas promete, ao voltar, que os desejos dele serão satisfeitos,  deve apenas esperar.
O que ele faz? Não se afasta do território de caça, claro. Ao invés de partir em busca de nova vítim... corrigindo, nova musa questionável, ele fica por perto, assistindo aos grupelhos medíocres berrarem no palco, o sentido lupino  vigilante, aguardando o retorno de Evelin. Durante uma das pequenas circuladas pelo ambiente, os amigos o param, conversam sobre amenidades, até que  um casal, membro da patota, o interpela:
– Cara, você é um filho da puta, parabéns!
– O quê?!! Do que estão falando?
– Porra, meu irmão – e o rapaz aponta para um garoto de cabelos longos, semi-desfalecido, bem à frente deles – viu você catando a Evelin e a Denise ao mesmo tempo, fazendo um beijo triplo com elas!!
– Quem dera!! Eu apenas vi elas se beijarem, cheguei bem perto e disse que adoraria participar. Vocês estão enganados.
– Bem, meu irmão está bebaço...
– E eu estou sóbrio, bebi pouquíssimo. O ângulo de visão, a escuridão e a bebida devem ter produzido uma ilusão de ótica nele. Aliás, cadê a Evelin?
– Está por ai, tentando consolar a Giovanna e se entender com a Andressa.
Nesse momento o caçador tem uma espécie de delírio anti-erótico e reflete que é melhor cair fora dessa encrenca, antes que três lésbicas o encurralem e o cubram de tapas, sem ter comido ou sequer beijado qualquer uma delas:    
– Bem, então devo seguir caminho e procurar algo por aí.
– Acho que deve mesmo.
O caçador se despede, ciente e aliviado de que dificilmente falará com essas pessoas de novo, circula mais um pouco e decide zarpar.
Ao ganhar a rua, que casal está sentado ao lado da ponte levadiça do castelo de perdição? Exato, Evelin e Andressa, abraçadas em idílio amoroso. A primeira dirige um olhar enigmático, um tanto de agradecimento, um tanto pedido de compreensão. Ele responde com um olhar de entendimento que não é falso, pois esse canalha sempre foi um cavalheiro e não sente nenhuma raiva ou rancor dela, de fato não.
Caminhando pela madrugada no centro, ele se lembra que ao descer a Augusta horas antes, um dos laçadores da gloriosa rua lhe  anunciou promoção no Emanoelle: dez reais de entrada, com direito a duas cervejas. Como bebera pouco, decidiu averiguar o que a noite ainda poderia oferecer-lhe.         

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Sinais de vida, enviados de muitas noitadas e desventuras

Caros leitores, sim, estou vivo e bem, apesar de alguns acontecimentos e situações recentes que degeneraram ainda mais as já deturpadas e parcas idéias deste escriba, eventos que colocaram como necessário e urgente meu adiado projeto de realizar uma espécie de retiro, que de transcedental, místico e de isolamento das tentações terrenas nada tem, um exílio às avessas, que me afastará apenas da porção mais patética e cada vez mais grotesca da vida de homem solteiro, e que toma mais e mais forma e densidade... Do que exatamente se trata esse exílio, talvez um dia poste por aqui, para breve colocarei alguns instantâneos das loucuras que tenho visto, ouvido, vivido, presenciado e que me empurram para a decisão mais racional e extrema que poderia tomar.

Por hora, apenas um aperitivo, na forma de título gigante: " A noite em que AlexB participou das confusões amorosas de três lésbicas - namorada que levou fora, namorada que aplicou o fora,  ex-da segunda -, alguns presentes  imaginaram ter visto ele ficar com duas delas, AO MESMO TEMPO, e por instantes temeu ser emboscado e tomar um belo de um 'piau' "... Aguardem.