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quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Texto fútil, curto, inútil e sincero

Ah, mulheres jovens com pouco menos ou nos vinte anos; meninas, mocinhas, garotas cheias da alegria exuberante, esfuziante e inconsequente da juventude. Que vocês sempre desfilem, brilhem e exultem pelas ruas da cidade, para que, numa situação inesperada, curta e alegre, deem a um tolo qualquer um final de noite que redime o que seria um dia comum e sem vida.

P. S.: não peçam explicações     

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O fodelão bola-murcha do Centro de São Paulo Ou: estudo de caso patético




Um dos tipos mais patéticos, tediosos e dignos de pena que nosso país varonil e sua escrota cultura machista geraram é o típico machão que em rodas de homens, sejam parentes, amigos, conhecidos, colegas de trabalho, companheiros da pelada de fim de semana, etc, sempre, sempre, sempre ostenta relatos em que ele come todas, nunca broxou, jamais termina uma noitada sem 'faturar' uma mulher - sempre muito gostosa, claro - e nunca deixa de desfazer e rebaixar os infelizes e pacientes brindados por suas bravatas. Já identificaram  a espécie cabulosa, relembraram os vários com que toparam? Continuemos.
O último exemplar dessa criatura com que topei é um músico medíocre e metido a rockstar, que frequenta os bares, casas noturnas decrépitas e demais "rolês de rock" do Centro da cidade. Seu
modus operandi para desfiar seus contos fantásticos em que ele sempre é o garanhão que possui a dama (bem, damas é o que há de mais escasso nos buracos que frequentamos, se me entenderam...) consiste em afirmar, sempre que alguma garota conhecida por algum membro da rodinha de papo furado e cerveja em que estamos se aproxima para nos cumprimentar, mal a inocente moçoila se afasta, que 'pegou', 'comeu' a referida garota e perguntar se alguém da roda fez o mesmo. Caso a resposta seja negativa, tome um contar vantagem e posar de garanhão cercado de 'paus-moles' que dura minutos e minutos. A prática já virou motivo de chacotas pelas costas por parte dos mais vividos e sábios de nosso grupo social.
Pois há cerca de duas semanas, o tipinho deu a prova cabal de que é, nas palavras de um grande amigo, colaborador frequente desta tranqueira, um belo de um 'bola-murcha'.
Resolvi visitar o meu boteco favorito da rua Angústia, após algumas semanas longe, um tanto por atividades noturnas mais interessantes, outro por opção. Após me abastecer, trocar umas palavras com o dono e curtir o ótimo cantor e violonista(nenhuma ironia nessas palavras) que disparava um rock sessentista após o outro, nos fundos do bar,  com muita garra e alegria, resolvi dar uma banda pela calçada em torno, durante o merecido intervalo do guitarrero. Mal ando cinco metros, surge o el grande comedor (dose cavalar de ironia nessas palavras), acompanhado de dois amigos. Tentei desviar, mas o sujeito me percebeu, me cumprimentou todo efusivo e por pura educação me juntei àquela trupe de roqueiros patuscões. 
Conversa vai e vem, uma conhecida de três de nós surge, bêbada como uma porca. Feliz e sorridente, se insinua a todos e se retira em seguida, pois um tipinho a esperava, impaciente, e a puxou, antes que fosse cooptada por  um de nós.  Para este rodado  escriba nada de mais houve de marcante, fiz um comentário raso e usual sobre esse minúsculo incidente, mas bola-murcha tinha de se exibir: CLARO que ele já tinha traçado a moça. Mas ainda não satisfeito, afirmou que a noite não poderia terminar daquele jeito e que TINHAMOS de descolar umas mulheres, liderados por ele, óbvio, que passou a escrutinar os arredores em busca um grupo de moças dispostas a serem brindadas por nossas dignificantes companhias. Para mim, a noite poderia terminar daquele modo, pois a não muitas horas eu teria um compromisso matutino com um ser do sexo feminino, e ao qual não pretendia me atrasar dez minutos sequer; já estava mais que disposto a anunciar minha partida, quando o tipo percebe, no interior de uma lanchonete metida a besta, gourmetizada mesmo, diante da qual estávamos, um grupo de quatro belas moças na casa dos vinte e poucos, três loiras e uma morena, que segundo ele estavam a nos admirar. Cético ao extremo como sou, espiei as mocinhas algumas vezes até me certificar que não era mais uma mentira dele e para meu pasmo o cara estava certo. Começa uma discussão sobre como abordá-las, quem o faria, e nenhum consenso brotava. Resolvi mais assistir que agir e acompanhar atentamente como o autodeclarado comedor faria.
Por fim, decide-se adentrar a hamburgueria gourmet, sentar perto das beldades e puxar conversa. Tomei o cuidado de não liderar a gangue, curioso para observar como  agiria o pegador que sempre acusa os amigos e conhecidos de serem uns frouxos. E o que fizeram? Sentaram-se um tanto distante delas, não ocuparam a mesa ao lado delas, que estava vazia... As moças nos dirigiram uns olhares estranhos, que podemos muito bem supor o que significavam, não caros leitores? pois poucos minutos após pediram a conta da beberagem, pagaram e saíram. O desespero que se instalou em nossa mesa foi cômico: nos levantamos e deixamos o estabelecimento. Uma vez lá fora, elas nos encaravam mais e mais e os roqueiros pegadores não se decidiam quem seria o intrépido a mobilizar seu charme e lábia para cima delas. Bola-murcha apenas nos instigava mas nada fazia. Por fim, cansado da ceninha, me aproximei, cumprimentei as moças e engatamos uma conversa amistosa. Os demais se aproximaram uns passos e ouviram atentamente, inclusive que elas adentrariam em breve a casa noturna do lado oposto da rua - antro que abomino - e que nos convidavam  a acompanhá-las, se nos interessasse, após o que seguiram caminho.    
O final: anunciei que estava de partida, devido ao meu compromisso vindouro e os estimulei a entrar em um antro decadente, pagar trinta paus às três da manhã e tentar a sorte com as damas. 
E foi isso mesmo: o cara nos açulava a agir, sempre nos acusando de sermos uns frouxos, mas nada fez, apenas assistiu.
Detesto clichês e frases feitas, mas esta história pede uma, para ser fechada de modo correto: quem muito fala nada...
Saudações canalhas e cafajestes

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Breves apontamentos das últimas noites do caçador noturno



Noite de sábado, por volta de meia-noite:

- O caçador noturno não resistiu aos apelos dos eflúvios noturnos que percorrem o Centro de São Paulo e dominam os mais sensíveis a aventuras e chamados por diversão (ou os mais inconsequentes): rumou para um dos mais afamados e arriscados muquifos do lugar, nos baixios do Anhangabaú, antro em que já reinou, em outros tempos, e que evitou por meses, nos últimos tempos, motivado por um misto de enfado e temor. Não permaneceu por mais de três minutos, suficiente apenas para cumprimentar alguns poucos conhecidos, pois recebeu o telefonema de uma outrora amante e hoje amiga de todas as horas e necessidades, que embriagada e metida em alguma confusão, ali por perto, pediu pela ajuda do seu cavaleiro noturno, que partiu de imediato, em socorro à dama da noite de perfume inebriante como a planta homônima. 
Assim, parte o caçador, apressado e altivo como um cavaleiro que atende o chamado de uma princesa, rumo aos contrafortes do topo do Centro, vencendo célere os fluxos da rua Angústia.
 
Noite de sábado, um pouco após a meia-noite:

- A amiga em apuros está mais uma vez nos braços do caçador noturno, sua pele macia e sedosa de moça na flor da idade a roçar e se aninhar na pele das mãos e braços  dele, pele curtida pela noite e pelos anos que muito aprecia esse contato. A encrenca em que a linda dama estava metida mostrou-se nada séria: apenas uma embriaguez exaltada, um surto de saudade do caçador noturno e sua presença cheia e viril - palavras dela - e o desejo de desfrutar da companhia dele por algum tempo. Sabedora, talvez graças à intuição feminina, talvez por farejar algo na brisa noturna, de que ele estava nas proximidades, o convocou para ampará-la na embriaguez e dar-lhe um bom fim de noite.
Dali a menos de uma hora, ela e sua amiga, que a acompanhava na noitada etílica, embarcam em táxi providenciado pelo caçador, rumo a segurança de seus lares.

Uma noite qualquer:

O caçador noturno, após um compromisso profissional imprevisto e inadiável, resolve voltar para sua masmorra a pé. Ao descer a rua da Consolação, rumo ao Centro, ali nas proximidades da  Paulista passa por um bar ao qual jamais deu atenção ou sequer entrou uma vez que seja, e diante deste, na calçada,  vê uma garota entre vinte e cinco e trinta anos sendo galanteada por um sujeito cuja figura causa um calafrio no caçador, pois parece uma projeção deste daqui a alguns anos: roupas joviais, mas na medida exata para um quarentão não cair no ridículo de imitar jovens na casa dos vinte e parecer 'antenado', cabelo e barba ainda mais grisalhos que os dele. 
Alguns metros depois, ele não se contém, volta-se para contemplar o desfecho da cena e com satisfação vê que o sujeito foi bem-sucedido.  Ao reprimir o desejo de ir até o recém-formado casal, parabenizar o sujeito e apresentar-se como um irmão-em-armas da noite, que são membros de uma irmandade cujos membros não apreciam se assumir como tais, a rua da Consolação parece-lhe mais escura e solitária do que realmente é; assim, ele toma a primeira rua que leva para a direita, apressado, pois mesmo a juvenalha - esse termo  foi pego emprestado da maior e mais sábia mulher que conheci na vida - da rua Angústia lhe pareceu atraente, naquele momento.

Uma noite qualquer, pouco mais tarde:

Como toda ilusão dura pouco, e seu final sempre é amargo, as criaturas que povoam e sujam mais e mais rua Angústia e arrabaldes, em todos os sentidos possíveis, deram um pequeno golpe nas intenções do caçador noturno, que preferiu embebedar-se e se refugiar logo em sua masmorra.