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segunda-feira, 3 de março de 2014

Uma proposta para melhorar a educação do país

Os caros leitores muitíssimo bem sabem que sou inimigo de tudo de reacionário, conservador, tacanho e limitado que rege ou tentar reger as patéticas ações da patética espécie humana, e nesse cabedal de alvos para meu ódio ocupa um trono reluzente o que já foi chamado de homenagem à virtude, feita por aqueles que não conseguem praticá-la. Sim, me refiro à hipocrisia, essa instituição humana e tão brasileira, o asqueroso comportamento de censurar, criticar, perseguir, atacar, humilhar, agredir quem tem hábitos, costumes e práticas que considera imorais ou nocivos, mas secretamente (por vezes não muito secretamente) quem comete essas violências chafurda e se lambuza de êxtase exatamente no que critica em outros.
Bem, do alto de mais de quatro décadas de vida afirmo com absoluta segurança: nunca encontrei um moralista que apontasse dedo inquisidor e "moralizante" para alguma prática íntima da vida alheia que fosse um exemplo de virtude, que não adorasse praticar e praticava o que publicamente o enojava. Estudantes colegiais que tachavam todas as colegas de sala de "putinhas" e na viagem de formatura protagonizava uma cena de pornô "gang bang" , realizando uma entusiasmada felação em sete rapazes, quase ao mesmo tempo, pais de família que exigiam que a filha fosse um exemplo de pureza, que exigiam que se casasse virgem e retornavam a seu sagrado lar embriagados, após horas com a amante que era pouco mais velha que a filha que ele tanto "protegia" (leia-se, reprimia) - minha família, aliás, é um celeiro imenso desse tipinho ´de "homem" - machões que dizem odiar gays e se acabam com os travestis que fazem ponto nas esquinas das grandes cidades, mães de família que condenam a imoralidade dos dias atuais e seduziram boa parte das sobrinhas, a lista seria imensa...
A minha proposta para elevar o nível da educação brasileira é muito simples: dado que a hipocrisia quanto à moral e  à vida sexual de outrem é uma lei da natureza, invariável e certa, os livros de física deveriam ser atualizados e incluí-la entre as leis, expressas por fórmulas matemáticas, que explicam o funcionamento do universo. Simples, e isso.
Saudações canalhas e cafajestes. 

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Sobre a impermanência das coisas do mundo ( ou das coisas desta cidade)

Sim, caros poucos leitores, se ainda existem, esta tranqueira não foi abandonada, este tipinho desprezível retorna do fundo da noite paulistana munido de suas futilidades que imagina serem reflexões profundas.

Para iniciar este texto, a primeira idéia foi citar algum dos pensadores-autores latinos do período imperial de Roma, imbatíveis nos textos que pensam sobre a volatilidade da mesquinha vida humana e em nos ajudar a suportar as agruras que encaramos por nos agarrar tanto a ela, a vida. Não julgando esta tranqueira digna das palavras imortais dos mestres do Lácio, pus a idéia de lado, talvez ponha algo deles lá pelo final. Vamos ao que interessa.

Como já deixei claro em várias postagens, resido no Centro de São Paulo e faço a maior parte de minhas incursões ou razias noturnas na mesma região. Bem, já há vários meses que me apercebi de um acontecimento que passou pelo coração da cidade e mudou a rotina noturna e práticas de parte de uma das mais características tribos que percorrem o centrão; logo me pus a descrever e comentar esse acontecimento com alguns dos meus companheiros dessas incursões e sobreviventes, como eu, desse evento. Todos concordaram, alguns com espanto, outros disparando observações ou melancólicas, ou algo indiferentes sobre a mudança  que se abateu sobre nosso amado centro e sobre nós.
E o que aconteceu, afinal?
Simples, toda uma comunidade, uma subcultura, se preferirem, que percorria as ruas e bares de uma parcela do centrão, não desapareceu, continua viva e presente, mas sofreu uma rápida e dolorosa adaptação, pois o circuito que percorria foi transformado, para não dizer destroçado, em um lapso de tempo curto e claro, traumático. Devido a essa intempérie muitos de nós se dispersaram, sumiram, outros tornaram-se visitantes, ocasionais, mas a maior parte continua a enxamear pelo centro, ou ao menos tenta, pois a alternativa é ir para casa, ficar sentado, engordar e esperar a inevitável decadência.
Em suma, uma sucessão de desditas se abateu sobre nossa comunidade e nos obrigou a deixar antigos pontos de encontro e buscar outros: nossa casa noturna podreira, com dark room fétido e tudo mais, fechou e sua sucessora, dos mesmos "donos" - não adianta insistir, não explicarei as aspas - mas não no mesmo local, apenas envergonhou o belo nome decadente da casa-mãe, até igualmente fechar, para alívio geral; nosso bar-pulgueiro favorito, onde nos encontrávamos, bebíamos as primeiras da noite e combinávamos nossas zueiras e putarias para dali a pouco, tornou-se um antro maldito e proibido a qualquer ser que tenha um mínimo de amor à vida; os becos e ruas das imediações do antro para o qual acorremos,  mais acima do primeiro, logo foram tomados pelos malditos e boçais carecas ou skins, sempre sedentos de afirmar sua idiotice esmigalhando corpos alheios; a violência, tretas e brigas cresceram em progressão infinitométrica, nossas opções para circular e nos concentrarmos, enfim, tornaram-se muito restritas e essa asfixia logo degenerou num sentimento de  tédio e repetição do qual até mesmo as conquistas amorosas-sexuais que arrebanhávamos foram vítimas: as mulheres eram sempre as mesmas, as intrigas que elas, as mulheres, provocavam, devido a essa pouca possibilidade de variedade, foram irritantes e patéticas, para usar termos leves; até mesmo o único supermercado da região que ficava aberto por toda a noite, nos socorreu inúmeras vezes e fornecia a última cerveja da noite (que também era a primeira da manhã, se é que me entendem) e o salgadinho podre tão delicioso, naquelas horas terminais e malucas, fechou ou está muito perto disso, pois não mais permanece aberto madrugada adentro.  
Como dito acima, não desaparecemos, estamos tentando nos adaptar à situação. E como dito acima, muitos preferiram debandar, outros mal perceberam o que se passou, simplesmente seguiram o rumo que a mulherada, que as "rampeiras do metal" tomaram, e as seguiram. Mas este escriba, contaminado por tantas vivências e leituras, amaldiçoado pelo vício de juntar ambas, leituras e experiências, de querer dar um sentido, uma aura profunda, filosófica e até mesmo épica a tudo que vive e presencia, não poderia deixar de registrar o fim de uma era do centro de São Paulo, por mais que essa era seja restrita a apenas uma parte de uma das tribos urbanas que  nele fervilham e que isso portanto soe fútil e não faça diferença a ninguém mais além de um bando de mulherengos contumazes e embriagados. 
Bem, o exercício de querer dar grandeza à vidinha sempre foi, é e será a essência desta tranqueira.

Saudações noturnas e cafajestes.  

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Descobertas feitas em mesas de bar e registradas em guardanapos - XL

" Você não tem pés-de-galinha, você é um pega galinhas!"

Frase simples, mas bastante espirituosa, que um amigo disparou, numa mesa de um bar da Augusta, comentando meu rosto conservado e jovial, apesar de ser um quarentão já bastante rodado e curtido
e revelando, segundo ele próprio completou em seguida, o segredo da minha juventude...


sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

É meu, ninguém põe a mão!Meu, meu, meu, meu!!!!!!!!! manhê, tem uma moça má querendo usar meu brinquedinho!!!

Caros leitores, o relato abaixo é verídico da primeira à última letra. Nomes foram omitidos e pouquíssimos detalhes alterados, apenas isso. Esse texto é mais uma prova que a realidade, sempre, consegue ser mais medonha e neste caso, revoltante, que a mais pirada ficção. Leiam e tenham uma torção no estômago de asco, como eu tive...    

O show  não teve auge, foi, isso sim, todo um auge de celebração do puro heavy metal. O bar/porão de rock  está impregnado da energia que aqueles ensandecidos exalaram com tanta entrega e paixão para o público que respondeu à altura: cabeças cabeludas bangeavam alucinadas, rodas de trombadas e encontrões, casais atracam-se nas paredes, lembrando que a conexão rock e sexo é inescapável. Tudo  intenso, rápido, feroz. 
O baixista e vocalista anuncia um intervalo e que dentro de meia hora retornam para o segundo e definitivo ataque. Assim que ele termina o anúncio,  uma garota alta, de cabelos negros que emitem brilho azulado, pele alva e corpo perfeito como só as musas roqueiras exibem, se apóia na beirada do palco e  assim se aproxima do guitarrista solo, um sujeito tão fissurado na música, em seu instrumento e em despejar uma avalanche de sons que para ele os suspiros e gritinhos das menininhas cujas entranhas genitais estão alagadas por ele não existem. No palco, só importa ele e a guitarra, nada mais. A platéia é a platéia, com quem troca energia e devoção ao metal, ele está ali para isso, não para  conseguir favores sexuais com as "rampeiras do metal", como uma certa pessoa diz a ele com frequência enervante.
A garota faz sinal para ele e  pede uma palheta de recordação, pois, nas palavras dela,  gostara muito da apresentação deles, é musicista e sabia reconhecer algo muito raro: um grupo que sabia tocar com fúria e técnica unidas para formarem um todo devastador e não disputarem espaço na performance e composições do grupo.
Ele agradece e puxa uma palheta do bolso, e eis que todos os presentes descobrem que estavam errados: o auge da loucura, ataque e violência daquela noite, naquele buraco sagrado do rock de São Paulo, não ocorreria no palco e não seria figurado, ele seria bem real e físico e ocorreria na pista,  pois uma criatura totalmente descontrolada e histérica, outra garota morena, quase tão bela e atraente quanto a musicista, surge de um canto do palco e aos berros escorraça a " vagabunda" e ordena ao guitarrista, seu namorado, que nada dê a ela, àquela "vadia", que argumenta, diz que quer apenas uma palheta, que também é guitarrista, tinha percebido que ele estava acompanhado e que jamais daria em cima de um cara com namorada. Nesse momento todos já cercam o palco e acompanham a cena, apreensivos, farejando a encrenca.
A resposta da namorada ultrajada por uma vaca qualquer que ousou dirigir-se a seu, seu, seu, única e exclusivamente seu namorado é imediata: ela apanha uma garrafa vazia do chão e golpeia aquela descarada na testa com todo o ódio e força que uma menininha de verdade, que uma criança adulta na forma de mulher deve desferir, para proteger sua propriedade, seu homem, seu varão, seu futuro provedor e pai de sua sonhada prole. 
O sangue jorra, a confusão se instala, a gritaria é total. 
A garota que estava certa, pois defender sua propriedade e a fidelidade conjugal sempre está certo, não importam as consequências, recebe mil e uma ameaças dos amigos da puta descarada, que ainda tem a ousadia de se aproximar e com voz incrivelmente calma afirmar que amanhã à noite terá de tocar em outro bar de rock com a testa costurada e enfaixada por conta do ciúme doentio da outra e que, reitera, só queria uma lembrança de músico para músico, que admirou a técnica e habilidade dele, não seu corpo ou rosto.
A mulher de verdade rosna um pedido de desculpas falso e débil e recebe mais ameaças dos acompanhantes da vaca metaleira, antes que eles saiam porta afora em busca de um hospital, enquanto este sujeitinho, que acompanhou toda a experiência noturna, estava num canto, quieto, meditando para chegar, pela bilionésima vez em sua vida de canalha baixo e vil, à conclusão que o restante da humanidade rastejante parece negar até o fim, por mais que ataque, morda e dilacere suas consciências e vidinhas desprezíveis:
Até quando vão defender com unhas, dentes e garrafas essa ideia natimorta de fidelidade conjugal, de monogamia, de que o seu é apenas seu, quando vão acordar que esse conceito herdado do período tribal, pré-urbano, pré-tudo da história já está mais que podre e que praticá-lo como essa garotinha que se julga uma mulher o faz só pode dar nisso?

Saudações canalhas e cafajestes      

domingo, 17 de novembro de 2013

Texto curto, mas nada fútil nem inútil

Uma amiga muito especial e querida e uma das melhores frasistas que já conheci, há algum tempo fez uma espécie de prece mundana para este ser baixo e vil, um pedido de proteção insólito, tão sincero e preciso que me pergunto porque não a postei antes nesta tranqueira:

"que os anjos e demônios da noite estejam sempre com você, não importa aonde for. "

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Sinal dos tempos



Há tempos, muito tempo, reparei que as mulheres, no afã de se "liberarem", na busca por "igualdade" (as aspas não expressam oposição a essa busca. Apenas buscam lembrar que na esmagadora, quase absoluta e total maioria, elas não se liberaram nem alcançaram igualdade, que essa empresa é louvável mas muito longe de terminar, muito discurso e pouquíssima prática), adotaram e adotam mais e mais os piores e mais desprezíveis comportamentos e atitudes masculinas. E um dos péssimos hábitos masculinos que as mulheres adotam em escala cada vez maior é apelar para uma fala decorada, fácil de ser desmontada, sem criatividade ou calor, que quando dita por um homem recebe das mulheres a já clássica resposta “você diz isso para todo mundo!” Explico-me: enquanto nós homens usávamos as mesmas cantadas, os mesmos elogios e as mulheres mais espertas nos pilhavam em nossa falta de criatividade e abuso de cara de pau, disparando “você diz isso para todas!”, as mulheres, principalmente as mais jovens, ao que reparei, adotam exatamente a mesma fala para dispensar os homens, um após o outro, para se recusar a ceder seus favores amorosos, adotando a mesma falta de criatividade e  de classe masculinas, o que é deplorável.
Flagrei isso recentemente: abordei uma garota na flor da idade, que após me alvejar com olhares e sorrisos, desfilou com este crápula que vos escreve para lá e para cá num certo ponto da noite paulistana, conhecidíssimo, de mãozinhas dadas e tal... Mas quando o instinto falou mais alto e ele partiu para o ataque recebeu uma resposta negativa ensaiada, tão bem ensaiada que após ver a mesma mocinha, no decorrer da noite, desfilando com outros otários, um após o outro, este sujeito não se conteve e perguntou a um deles como foi sua frustrada tentativa, o que ocorreu de errado e principalmente, o que ela disse.
Os caros leitores não se surpreenderão em saber que ela disse as mesmas e exatas palavras a nós dois e sabe-se a quantos mais naquele período de poucas horas. Rimos, nos desejamos boa sorte e seguimos nosso rumo na noite.
Ah, sim, antes de abandonar a pobre mocinha na rua da amargura, respondi a ela no meio de um sorriso nervoso: “você diz isso para todos!”

Saudações noturnas e cafajestes