Noites Cafajestes à venda

Noites Cafajestes está de novo à venda, agora no site da Amazon Brasil: clique no link abaixo, e digite o nome do livro na pesquisa loja kindle, no alto da página.
Um verdadeiro guia de comportamento e sabedoria canalhas e cafajestes por R$6,00.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Sobre a impermanência das coisas do mundo ( ou das coisas desta cidade) - parte II

Já foi dito antes, por seres muito mais sábios que este pobre escriba, que a impermanência é certamente a única coisa permanente deste mundo; eles estão certos, claro. Soube há pouco que um dos últimos e únicos refúgios que sobraram no centro de São Paulo para minha tribo ou laia, após o vagalhão que sobre nós se abateu ( leia a parte um deste título, datada de 15 de fevereiro último, para entender ou reavivar a memória), mudará de endereço em breve, pois tornou-se mais uma vítima da especulação imobiliária (malditos corretores! especuladores imobiliários escrotos: morram todos, em meio às piores torturas!).
Felizmente, esse antro não fechará as portas, somente mudará para o outro lado da rua.
A normalidade e o vazio querem nos vencer, mas nunca conseguirão.

Saudações noturnas e  cafajestes

domingo, 30 de março de 2014

Descobertas feitas em mesas de bar e registradas em guardanapos - XLI

"Ela (a música) nunca trai minha confiança ou me deixa na mão."

De um amigo canalha, colaborador eventual desta tranqueira e exímio músico, ao explicar porque segue à risca um princípio básico que todo músico verdadeiro segue: fugir ao máximo de relacionamentos estáveis, fixos. Seu único amor, seu único relacionamento verdadeiro é com a música.
E sou testemunha disso: essa postura canalha garante muitas mulheres aos pés deles músicos!    

segunda-feira, 24 de março de 2014

Livro à venda na loja digital da Saraiva

Caros leitores, após excruciante demora e solução absurda de simples (tenho grande culpa nesse atraso, mas deixemos essas agora banalidades de lado), Noites Cafajestes encontra-se à venda na loja digital da Livraria Saraiva, em formato Epub.
O link encontra-se à direita.

Saudações noturnas e canalhas.

sexta-feira, 7 de março de 2014

São Paulo Feeling




São Paulo pela noite (Mário de Andrade)*

Meu espírito alerta
Baila em festa e metrópole.
São Paulo na manhã.
Meu coração aberto
dilui‑se em corpos flácidos.
São Paulo pela noite.
O coração alçado
Se expande em luz sinfônica.
São Paulo na manhã.
O espírito cansado
Se arrasta em marchas fúnebres.
São Paulo noite e dia...
A forma do futuro
define as alvoradas:
Sou bom. E tudo é glória.
O crime do presente
Enoitece o arvoredo:
Sou bom. E tudo é cólera.
*Poema publicado em Lira paulistana, edição póstuma, [1946].


Ah, São Paulo desconcertante e infinita, será que um dia (ou noite) conseguirei te definir em um texto, um poema, uma narrativa? Sinceramente, espero que não, pois se isso se consumar talvez o maior mistério que me anima e me atormenta, uma das maiores forças que me impele, será desfeito e isso espero que jamais ocorra, que essa busca pela definição perfeita do que é São Paulo jamais se encerre.  

segunda-feira, 3 de março de 2014

Uma proposta para melhorar a educação do país

Os caros leitores muitíssimo bem sabem que sou inimigo de tudo de reacionário, conservador, tacanho e limitado que rege ou tentar reger as patéticas ações da patética espécie humana, e nesse cabedal de alvos para meu ódio ocupa um trono reluzente o que já foi chamado de homenagem à virtude, feita por aqueles que não conseguem praticá-la. Sim, me refiro à hipocrisia, essa instituição humana e tão brasileira, o asqueroso comportamento de censurar, criticar, perseguir, atacar, humilhar, agredir quem tem hábitos, costumes e práticas que considera imorais ou nocivos, mas secretamente (por vezes não muito secretamente) quem comete essas violências chafurda e se lambuza de êxtase exatamente no que critica em outros.
Bem, do alto de mais de quatro décadas de vida afirmo com absoluta segurança: nunca encontrei um moralista que apontasse dedo inquisidor e "moralizante" para alguma prática íntima da vida alheia que fosse um exemplo de virtude, que não adorasse praticar e praticava o que publicamente o enojava. Estudantes colegiais que tachavam todas as colegas de sala de "putinhas" e na viagem de formatura protagonizava uma cena de pornô "gang bang" , realizando uma entusiasmada felação em sete rapazes, quase ao mesmo tempo, pais de família que exigiam que a filha fosse um exemplo de pureza, que exigiam que se casasse virgem e retornavam a seu sagrado lar embriagados, após horas com a amante que era pouco mais velha que a filha que ele tanto "protegia" (leia-se, reprimia) - minha família, aliás, é um celeiro imenso desse tipinho ´de "homem" - machões que dizem odiar gays e se acabam com os travestis que fazem ponto nas esquinas das grandes cidades, mães de família que condenam a imoralidade dos dias atuais e seduziram boa parte das sobrinhas, a lista seria imensa...
A minha proposta para elevar o nível da educação brasileira é muito simples: dado que a hipocrisia quanto à moral e  à vida sexual de outrem é uma lei da natureza, invariável e certa, os livros de física deveriam ser atualizados e incluí-la entre as leis, expressas por fórmulas matemáticas, que explicam o funcionamento do universo. Simples, e isso.
Saudações canalhas e cafajestes. 

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Sobre a impermanência das coisas do mundo ( ou das coisas desta cidade)

Sim, caros poucos leitores, se ainda existem, esta tranqueira não foi abandonada, este tipinho desprezível retorna do fundo da noite paulistana munido de suas futilidades que imagina serem reflexões profundas.

Para iniciar este texto, a primeira idéia foi citar algum dos pensadores-autores latinos do período imperial de Roma, imbatíveis nos textos que pensam sobre a volatilidade da mesquinha vida humana e em nos ajudar a suportar as agruras que encaramos por nos agarrar tanto a ela, a vida. Não julgando esta tranqueira digna das palavras imortais dos mestres do Lácio, pus a idéia de lado, talvez ponha algo deles lá pelo final. Vamos ao que interessa.

Como já deixei claro em várias postagens, resido no Centro de São Paulo e faço a maior parte de minhas incursões ou razias noturnas na mesma região. Bem, já há vários meses que me apercebi de um acontecimento que passou pelo coração da cidade e mudou a rotina noturna e práticas de parte de uma das mais características tribos que percorrem o centrão; logo me pus a descrever e comentar esse acontecimento com alguns dos meus companheiros dessas incursões e sobreviventes, como eu, desse evento. Todos concordaram, alguns com espanto, outros disparando observações ou melancólicas, ou algo indiferentes sobre a mudança  que se abateu sobre nosso amado centro e sobre nós.
E o que aconteceu, afinal?
Simples, toda uma comunidade, uma subcultura, se preferirem, que percorria as ruas e bares de uma parcela do centrão, não desapareceu, continua viva e presente, mas sofreu uma rápida e dolorosa adaptação, pois o circuito que percorria foi transformado, para não dizer destroçado, em um lapso de tempo curto e claro, traumático. Devido a essa intempérie muitos de nós se dispersaram, sumiram, outros tornaram-se visitantes, ocasionais, mas a maior parte continua a enxamear pelo centro, ou ao menos tenta, pois a alternativa é ir para casa, ficar sentado, engordar e esperar a inevitável decadência.
Em suma, uma sucessão de desditas se abateu sobre nossa comunidade e nos obrigou a deixar antigos pontos de encontro e buscar outros: nossa casa noturna podreira, com dark room fétido e tudo mais, fechou e sua sucessora, dos mesmos "donos" - não adianta insistir, não explicarei as aspas - mas não no mesmo local, apenas envergonhou o belo nome decadente da casa-mãe, até igualmente fechar, para alívio geral; nosso bar-pulgueiro favorito, onde nos encontrávamos, bebíamos as primeiras da noite e combinávamos nossas zueiras e putarias para dali a pouco, tornou-se um antro maldito e proibido a qualquer ser que tenha um mínimo de amor à vida; os becos e ruas das imediações do antro para o qual acorremos,  mais acima do primeiro, logo foram tomados pelos malditos e boçais carecas ou skins, sempre sedentos de afirmar sua idiotice esmigalhando corpos alheios; a violência, tretas e brigas cresceram em progressão infinitométrica, nossas opções para circular e nos concentrarmos, enfim, tornaram-se muito restritas e essa asfixia logo degenerou num sentimento de  tédio e repetição do qual até mesmo as conquistas amorosas-sexuais que arrebanhávamos foram vítimas: as mulheres eram sempre as mesmas, as intrigas que elas, as mulheres, provocavam, devido a essa pouca possibilidade de variedade, foram irritantes e patéticas, para usar termos leves; até mesmo o único supermercado da região que ficava aberto por toda a noite, nos socorreu inúmeras vezes e fornecia a última cerveja da noite (que também era a primeira da manhã, se é que me entendem) e o salgadinho podre tão delicioso, naquelas horas terminais e malucas, fechou ou está muito perto disso, pois não mais permanece aberto madrugada adentro.  
Como dito acima, não desaparecemos, estamos tentando nos adaptar à situação. E como dito acima, muitos preferiram debandar, outros mal perceberam o que se passou, simplesmente seguiram o rumo que a mulherada, que as "rampeiras do metal" tomaram, e as seguiram. Mas este escriba, contaminado por tantas vivências e leituras, amaldiçoado pelo vício de juntar ambas, leituras e experiências, de querer dar um sentido, uma aura profunda, filosófica e até mesmo épica a tudo que vive e presencia, não poderia deixar de registrar o fim de uma era do centro de São Paulo, por mais que essa era seja restrita a apenas uma parte de uma das tribos urbanas que  nele fervilham e que isso portanto soe fútil e não faça diferença a ninguém mais além de um bando de mulherengos contumazes e embriagados. 
Bem, o exercício de querer dar grandeza à vidinha sempre foi, é e será a essência desta tranqueira.

Saudações noturnas e cafajestes.  

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Descobertas feitas em mesas de bar e registradas em guardanapos - XL

" Você não tem pés-de-galinha, você é um pega galinhas!"

Frase simples, mas bastante espirituosa, que um amigo disparou, numa mesa de um bar da Augusta, comentando meu rosto conservado e jovial, apesar de ser um quarentão já bastante rodado e curtido
e revelando, segundo ele próprio completou em seguida, o segredo da minha juventude...