Sem romper violentamente com valores familiares arcaicos inculcados desde a mais tenra infância, nenhuma evolução cultural, sexual, espiritual e intelectual é possível.
Não peçam explicações!
Saudações canalhas e cafajestes
Sem romper violentamente com valores familiares arcaicos inculcados desde a mais tenra infância, nenhuma evolução cultural, sexual, espiritual e intelectual é possível.
Não peçam explicações!
Saudações canalhas e cafajestes
Detalhe da mítica esquina da avenida Ipiranga com a avenida São João.
Caros leitores, uma garrafa de corote postada com estilo e cuidado em um semáforo enfeitado com um adesivo que reproduz o rosto do eterno Adoniran Barbosa, isso nesse ponto sagrado da boêmia, vida noturna, canalha e cafajeste de São Paulo, é uma verdadeira montagem cenográfica que não poderia deixar de registrar e postar nesta tranqueira.
Saudações canalhas e cafajestes
Há cerca de uma semana, eu e meu velho amigo, colaborador-mor desta tranqueira, resolvemos fazer uma excursão/estudo sociológico-zoológico-geológico do Centro. Apesar de nele morarmos, queríamos observar e estudar um pouco mais de perto como está o circuito boêmio-etílico e vá lá, roqueiro da área, nestes tempos de devastação. Ver de perto os estragos que pandemia, confinamento, estabelecimentos fechados, etc causaram nesse circuito que existe de fato e apenas, na forma exata que o vemos e vivemos(isto é víamos e vivíamos), em nossas deturpadas mentes.
Tomamos todos os devidos cuidados para proteção contra o maldito vírus e lá fomos nós.
Bem caros leitores, após esquadrinhar República, Bixiga, subir até a Paulista e depois descer a Augusta, contemplando o cenário pós-pós-apocalipse (sim, neste texto estou empregando termos que são quase neologismos e cujo sentido não é muito claro à primeira leitura; sejam compreensivos, como a maior parte da humanidade que ainda resiste, minha mente anda bem distorcida), meu amigo definiu à perfeição a patacoada que protagonizávamos:
"Rolê da depressão dos roqueiros no Centro"
Acima, uma imagem que captura a substância cujo consumo em larga escala tornou possível aguentarmos até o fim o espetáculo de horrores e tristeza.
Saudações canalhas e cafajestes
P. S. : para quem não sacou, o título da postagem é um diálogo do clássico O Coração das Trevas, livro de Joseph Conrad que inspirou o clássico filme Apocalipse Now.
Que adianta tomar todos os cuidados, evitar aglomerações, quiçá em breve(quem sabe) vacinado e protegido se as outras pessoas, se o restante da humanidade, que tanto desprezamos, mas sem a qual não podemos viver, e que dá vida à noite, às noitadas, não podem ou não fazem o mesmo?
Caros leitores, o verdadeiro boêmio é solidário, coletivista, social, sabe que sem a coletividade, ele nada é e os demais nada são.
Saudações canalhas e cafajestes
Um velho amigo, que está se tornando colaborador frequente desta tranqueira, me enviou este vídeo. Se foi gravado por ele ou outrem, que lhe enviou; nada importa.
Assistam e fiquem compadecidos e mortificados como eu, vejam uma das cenas mais desoladoras, tristes e comoventes que esta maldita pandemia gerou e ainda gera país(mundo) afora: as moças da vida, as mênades da noite que afogam as mágoas e aliviam as tristezas dos homens, encontram-se elas sozinhas, desacompanhadas...Leitores, não tenho palavras para expressar o que essa curta e contundente gravação me causou...a tristeza, a saudade de visitar esses lupanares, o desespero de saber que uma simples 'visitinha' é uma ação mais que temerária e irresponsável para com todos envolvidos...
Saudações canalhas e cafajestes
Uma certa dama, muito importante na vida deste canalha, teve de mudar de endereço recentemente e assim se desfazer do apartamento em que residiu por anos (teve de se mudar para um maior e mais confortável, mas acreditem, isso não foi inteiramente auspicioso e feliz; claro que não cabem mais detalhes aqui nesta tranqueira). Essa mudança foi bastante agridoce, para não dizer amarga, assim, durante um de nossos encontros durante este período maldito e interminável em que nós míseros humanos estamos enfiados - totalmente merecido, diga-se! - ela se referiu ao imóvel em questão, enquanto relembrava todos nossos encontros, finais de semanas, viradas de ano regadas a muita champagne, períodos de férias enfurnados na cama, etc, que vivemos naquele lugar:
"Fomos muito felizes lá. Era nosso porto de luxúria."
Caros leitores, esse termo foi tão poético, preciso e pleno de doce saudosismo que a puxei para mais perto e tasquei-lhe o beijo que merecia.
Mas em seguida começamos a ser tomados pela amargura e tristeza que sempre abate nós humanos, péssimos em lidar com o fato que tudo neste universo, das menores às mais imensas coisas e seres, muda, se transforma, acaba. Assim, reter as lembranças do que foi, guardá-las com carinho e sempre revivê-las, acariciá-las e alimentá-las é fundamental para a inexorável passagem do tempo ser minimamente suportável e nos mantermos humanos.
Sim, AlexB, o canalha, está um pouco sentimental e emotivo. Decididamente, esse confinamento não está fazendo bem...
Saudações canalhas e cafajestes