Noites Cafajestes à venda

Noites Cafajestes está de novo à venda, agora no site da Amazon Brasil: clique no link abaixo, e digite o nome do livro na pesquisa loja kindle, no alto da página.
Um verdadeiro guia de comportamento e sabedoria canalhas e cafajestes por R$6,00.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Como certos homens podem ser (são) escrotos

Este escriba se encontrava em seu bar favorito da Rua Angústia e de todo o Centro de São Paulo, para lá rumou com um de seus mais habituais parceiros de cafajestadas e um dos principais colaboradores desta tranqueira. A noite estava divertida e promissora: local cheio, várias possibilidades se apresentavam, vários amigos e conhecidos(alguns amigos de longa data, que não via há tempos), lá estavam, todos nós ali reunidos por um muito bem-vindo acaso. Uma ótima dupla  - já conhecidos nossos de várias outras noites - se apresentava nos fundos do bar, um guitarrista de muito talento, verdadeira discoteca ambulante do rock e do blues, e uma garota que detona nos vocais rasgados e emocionantes. 
A noite avançava, as músicas se sucediam, garrafas e mais garrafas eram esvaziadas, olhares entre homens e mulheres eram trocados, por vezes algumas palavras também, como um momento constrangedor em que uma bela loira há alguns metros de distância de nossa mesa apontou para mim, sorriu e fez sinal para me aproximar, para espanto meu... e do cara que a acompanhava e a tinha enlaçada pela cintura. Me aproximei, desconfiado e a moça desandou a falar, as palavras meio pastosas por causa da muita bebida que já tinha consumido, perguntando como eu estava, se tinha curtido o nosso último 'rolê no cemitério' (!!!), como se fôssemos velhos conhecidos. Eu e seu acompanhante nos encaramos, perplexos; me expliquei e me desvencilhei da criatura o mais rápido possível, ao deixar claro que não a conhecia.
Bem, finda a narrativa paralela, de volta à principal. 
A cantora era uma das garotas que estava em nossa grande roda de pessoas. Em um dos intervalos da cantoria anunciou, entre olhares para a porta e idas rápidas à calçada, que estava preocupada, pois uma amiga anunciara que estava chegando há mais de hora e como seria fraca para a bebida e dada a exageros, ela estava bastante aflita com o estado e paradeiro da amiga.
Pois eis que a mocinha surge em meio ao turbilhão de gente da noite de sexta-feira, bêbada, claro. Nossa amiga não demorou a mantê-la perto de si e tentar cuidar dela. Mas a  escrotice masculina nunca descansa, caros leitores. Ocorre que esse bar em questão, por ser um dos melhores e mais populares de toda a Rua Angústia, atrai todo tipo possível do bestiário que é a atual humanidade, incluindo idiotas, burros incuráveis e seres desprezíveis de todo tipo. E um deles revelou toda a magnificência de sua baixeza  nessa noite, um tipo que por sempre estar por lá é conhecido de toda a nata dos frequentadores do bar, ele sempre procura estar próximo da 'elite' do lugar, na qual me incluo(quem afirmou eu ser da elite do bar foi o dono do estabelecimento). Esse sujeito nunca enverga roupas exatamente novas ou limpas, sempre, sempre está de bermuda e tênis, sua pele aparenta estar eternamente coberta de suor, sua má forma física é evidente; em suma, um cara seboso, meio repelente e que exala, no olhar e modos, uma carência sexual tremenda, o popular 'não come ninguém faz muito tempo'.
Então, adivinhem o que ele fez, ao se achegar a nossa turma e ver o estado da menina embriagada? Aproveitou um momento em que ela era deixada pela nossa amiga vocalista, que voltou ao palquinho para um novo set da apresentação, e, como já conhecia a desafortunada garota, se aproximou todo calmo e solícito, primeiro fingindo genuínas atenção e preocupação, mas logo descambando para tentativas débeis e infantis de conseguir um contato, digamos, mais próximo e íntimo. A moça se defendia da melhor forma que podia, bastante incomodada, mas a cena não durou muito, por uma simples razão, caros leitores: todos nós homens já fomos baixos e babacas algumas ou várias vezes, mas certos comportamentos, para vários de nós são inaceitáveis, não são babaquices juvenis, são falta de caráter e civilidade pura, não os praticamos e não ficamos calados ou imóveis ao ver tais coisas: eu e meu amigo logo nos metemos na coisa, apanhei uma garrafa de água,  empurramos a menina para a porta sob o pretexto de ela respirar ar mais fresco e se hidratar. E o escrotinho tentando segui-la, meio trôpego,com um olhar que misturava expressão de animal no cio com criança inconformada por ter seu brinquedo tirado dela.      
Pouco depois, a amiga cantora junta-se a nós e a leva de volta ao interior do bar, onde o sujeito tenta retomar as investidas!!! A amiga-cantora a leva para outro canto e tenta fazê-la descansar um pouco, o escroto ao lado. Mais um de meus amigo presencia a cena, junta-se a nós e então os três se aproximamos do tipinho e sem meias palavras avisamos que se ele não parasse com aquilo, 'a coisa pesaria para ele'. 
O fim da história? Bem, caros leitores, eu logo depois tive de me retirar, devido a compromissos com horário certo no dia seguinte, que não tardava a surgir no céu poluído e cortado por prédios do Centro. Meus amigos permaneceram mais um tanto, mas o escrotinho seboso desapareceu em um instante sem deixar rastro, como rato de esgoto que é.    
Esse longo e admito meio cansativo relato foi urdido apenas para demonstrar, caros leitores, que nem todo homem é um ser vil e desprezível pronto a se aproveitar, da forma mais baixa possível, de uma mulher. Muitos de nós também sabemos ser e somos decentes e honrados com as mulheres, principalmente as que precisam de ajuda, nos labirintos feéricos da noite.

Saudações canalhas e cafajestes 

Nenhum comentário:

Postar um comentário