Noites Cafajestes à venda

Noites Cafajestes está de novo à venda, agora no site da Amazon Brasil: clique no link abaixo, e digite o nome do livro na pesquisa loja kindle, no alto da página.
Um verdadeiro guia de comportamento e sabedoria canalhas e cafajestes por R$6,00.

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Barbie Rivotril

Encontro, durante minhas merecidas férias, um amigo de muitos anos, colega de faculdade que, a despeito dos inegáveis pendores canalhas, pouquíssimo contribuiu para esta tranqueira; lacuna devidamente preenchida pelo relato com que me brindou enquanto tomávamos um café no Centro da cidade, em cafeteria sugerida por ele, dada a beleza e opulência física, digamos assim, da moça do caixa do estabelecimento...
Pois bem, entre um relato e outro de nossas canalhices, ele contou uma história das mais interessantes, uma vez que além de exemplar, instrutiva, é protagonizada por uma amiga nossa em comum, que quando jovem foi uma beldade daquelas, um mulherão que enlouqueceu os homens por onde passou, viveu e trabalhou. 'Foi', porque, como o caro leitor deve saber, o tempo é cruel, a ponto de meu amigo ter dado a ela durante o relato, além do apelido que nomeia esta postagem, outro igualmente perspicaz, a ponto de me causar sérias dúvidas sobre como intitular esse texto: uva passa histérica.
Acontece que essa moça e meu amigo, há coisa de muito tempo, quase duas décadas para ser exato, tiveram um lance, um caso que só não evoluiu para algo mais intenso e duradouro porque ela não quis; linda, leve, livre e solta, queria curtir sua juventude da melhor maneira possível, sem nenhuma amarra(não, não há censura alguma implícita nesse último trecho), assim, após algumas noites tórridas com ele, seguiu com sua vida e de-sa-pa-re-ceu da vida de meu amigo(que estava passando por problemas muito sérios mas conseguiu refazer-se de modo heroico e exemplar).
E quase duas décadas se passaram.
Eis que, já nos estertores de 2016, a moça reaparece. Onde, onde? No bendito feicibuk, é claro!! Simplesmente pede para meu amigo adicioná-la (descobrimos, confrontando informações, que o pedido dela para me adicionar foi quase simultâneo. Nos encaramos e especulamos: qual seria a intenção dela? Pode nos chamar de chauvinistas, somos é calejados e desconfiamos das intenções das mulheres, principalmente das mais vividas e rodadas).
Conversa virtual vai e vem, marcam para beber algo. O que acontece nesse primeiro (re)encontro é previsível e assim indigno de registro detalhado; a coisa começou a ficar interessante no segundo encontro: ela fez questão de escolher o lugar - ah, essas afirmaçõezinhas simbólicas e pueris  de poder a que nós ridículos humanos somos tão afeitos! - e foi para cima: tinha terminado um relacionamento de mais de dez anos, em que morou junto, etc, etc, estava numas de refletir, rever a vida (a típica tentativa de papo cabeça dela sem substância, que nós dois conhecemos tão bem), e claro, fustigada pela solidão, os quarenta anos já para trás, fez o que muitas mulheres quando acometidas por essa neura fazem: vão em busca de algum cara que foi gamado por ela em tempos idos, quando era linda e gostosa - a segunda narrativa do livro de contos que nomeia esta joça trata exatamente desse tema! - para quem sabe reatiçar o encanto que tinha sobre ele, quem sabe fisgá-lo de novo e assim se sentir linda, gostosa, poderosa de novo.
Mas o meu amigo, frio, impassível, calmo, com seu olhar respondeu: não contava com minha astúcia de canalha!! Acham que ele caiu na dela assim tão fácil e franguinho, como ela supunha? Ha ha ha ha!!!
Ele a tudo ouviu, fingiu ser receptivo, aceitou os beijos que se ofereciam, pairavam no ar, lânguidos... e um pouco depois anunciou que não estava disponível para enlaces, pois já está há uns bons pares de anos envolvido de maneira profunda com uma mulher que o faz muito feliz.
Ela não se fez de rogada nem perdeu a pose, afinal era mais que previsível que o cara tivesse seguido em frente e cuidado da própria felicidade: reagiu com estudada naturalidade, deixou a conversar fluir naturalmente, até que pouco antes de se despedirem, pediu para marcarem um terceiro encontro, o qual ele aceitou, por pura curiosidade e intuição que ainda se divertiria muito com isso!
E lá foram eles para o terceiro encontro a dois, novamente em 'point' escolhido por ela, que também tratou de mostrar a ele seu local e trabalho e bares 'descolados' que ela frequentava(afirmo com  conhecimento de causa: isso é a cara dessa mulher! - e de muitas outras, desgraçadamente).
Então, caros leitores que acompanharam a arrastada epopeia até  esse trecho, eis o clímax da história: a mulher(chamá-la de garota seria uma impropriedade) de classe média arrumadinha e benfeita como uma boneca surtou e desandou a disparar queixas e acusações contra meu amigo! Disse que acompanhava as postagens dele no maldito 'feici' e que, dado ele ser um esquerdão declarado (como eu, aliás), perguntou como é que 'poderia apresentá-lo aos pais dela?' (Sim, caros leitores, isso mesmo: a mulher pirou por completo. Além de falar como se eles fossem noivinhos a trocar arrulhos e cicios de amor em um enlace eterno, uma pessoa já entrada em anos se preocupando com a opinião de seus papais!!). Ele perdeu a paciência(convenhamos que aguentou muito!) e desferiu a resposta devida. Ela rebateu com outra pérola:
- Cara, não tenho tempo a perder, não posso ficar de nhem nhem nhem com você, já estou com mais de 45 anos!
Ele a brinda com um sorriso para lá de 'cafa' e sarcástico e dispara:
- Eu também estou com 45 anos e também já passei dessa de perder tempo em aventurinhas...
O fim desse reencontro? Ora, é claro que não se viram nem se falaram mais, ela sumiu do mapa de novo(segundo ele, ela lhe fez uns acenos no mundo virtual, bem discretos, tempos depois) e ele seguiu em frente, com sua amada sempre a seu lado, convicto e  seguro de si, como só a prática da canalhice contínua e sistemática e os anos conferem a um homem de verdade, que não se acovarda nem nega sua verdadeira natureza.
E assim, mais uma mulher de meia idade passou a vociferar contra os homens, esses 'pilantras' , 'imaturos' e 'galinhas que não querem nada sério', pela noite e bares, mas é claro que sempre, sempre, mantendo, de modo muito sub-reptício(assim elas acham!!) sua busca por um príncipe encantado.

Saudações canalhas e cafajestes!



 

Nenhum comentário:

Postar um comentário