Um grande amigo me convocou para ajudá-lo em um trabalho que ele estava finalizando em seu estúdio de gravação, preparar um texto, achar as palavras certas para as legendas de um vídeo por ele filmado e editado. Pagamento e prazos acertados em dois minutos, lá fui eu.
Enquanto mexíamos daqui, reescrevíamos daqui, falando bobagens no meio, claro, toca o celular. Era a mais recente namorada dele, a qual, desde o começo do relacionamento, há poucos meses, mostrou-se, para ser eufêmico e não parecer chauvinista, uma belíssima desequilibrada e chave de cadeia. E assim naquele momento: ele mal atendeu ela disparou uma torrente de gritos, xingamentos e imprompérios que ouvi perfeitamente. Ele fez sinal para que eu ficasse em absoluto silêncio enquanto tentava acalmar o demônio que se manifestava do outro lado da linha. Após alguns minutos de puro desconforto, ele encerrou a ligação e pôs-se a desafabar sobre as violências cometidas pela moça: ele estava desde as 9 da matina labutando no estúdio (como faz todos os dias, aliás), mas segundo a doce moça, ele não passa de um 'vagabundo'; não safisfeita, disse que ele, um sujeito com mais de cinquenta anos nas costas, dono de si que paga as próprias contas, não iria de 'jeito nenhum' a um show musical para o qual fora convidado, naquela noite, pois claro que iria trai-la com 'essas vagabundas que estão na noite'. O sofrimento dele era visível, comovente, pois ao mesmo tempo que estava visivelmente apaixonado pela moça, também não aceitava tanto desrespeito.
Tentei ajudar como pude, aconselhei, ouvi seus lamentose retomanos o trabalho.
Mais tarde, em casa, refletindo sobre a triste cena e o quanto meu amigo estava desolado percebi algo deveras interessante: as falas dela eram idênticas às de homens machistas e violentos que oprimem, ameaçam e fazem até coisas piores com as infelizes mulheres que caem em suas lábias; se, num exercício de ficção, os papéis fossem invertidos e as falas adaptadas, os diálogos dela poderiam servir perfeitamente a um desses machões violentos e por vezes, assassinos.
Bem, caros leitores, não deve haver igualdade entre os sexos? Todos e todas não devem ser respeitados? A violência de gênero não é abominável? - Tudo isso certíssimo, mais que legítimo. Pois que seja realmente aplicado e nenhuma tolerância haja quando uma mulher faz o pior que pode fazer a um homem! Basta de hipocrisia e misandria mal-disfarçada!
Em tempo: alguns dias depois, meu amigo tomou a decisão mais correta, a única possível, e despachou a aspirante a psicopata, que claro, passou a ameaçá-lo com mais intensidade...
Saudações canalhas e cafajestes
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