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domingo, 6 de dezembro de 2009

Novo relato sobre a imbelicidade masculina

A ode ao homerio que segue acompanhava a primeira, postada há algum tempo, e como ela, é total e completamente verídica, exceto nos nomes. Deleitem-se com mais esse registro da idiotice masculina.E não deixem de comentar ( finalmente postaram um comentário. Obrigado, grande Alan!).


Zeca, um rapaz independente

            Zeca era um babaca da pior espécie. Esperto, alto, forte, bonitão, se dava bem até certo ponto em quase tudo, mas vivia em uma eterna puberdade, sempre competindo com os amigos para se mostrar o mais fodão e sempre tentando fazer alguém de seu círculo social a vítima por meio da qual suas qualidades fodescas seriam exaltadas. Tentou fazer isso comigo, mas como eu já era bastante experiente em lidar com tipos como ele, desistiu após duas desmoralizações públicas. Mas tudo bem, continuamos nos falando e nos entendendo em nossa má-vontade mútua.
            Em busca de alguma aventura e emoção, decidido a realizar a obrigação de todo  homem jovem em busca de “independência” e “crescimento”  (a saber, morar longe das asas protetoras de papai e mamãe, mesmo que de maneira postiça e com prazo de duração definido) e fascinado pelas “fascinantes” festas da USP, ele enfiou-se no apartamento de uma amiga que morava no CRUSP, o conjunto residencial da universidade, fazendo uso da maravilha que era aquela zona negra de ninguém conhecida como “hóspede do apartamento”, que vocês podem imaginar o que realmente era.
            Numa noite de sexta-feira, após as aulas, eu, Zeca, Ana e Carla (as garotas com que ele morava) caminhamos da Faculdade de Ciências Humanas para o CRUSP (uma caminhada de menos de quinhentos metros). Eu meio que morava com uma namorada no Bexiga e não podia ignorar que os malditos ônibus que circulavam pela Cidade Universitária desfilavam sua decrepitude metálica até 11:30. Eles, claro, estavam leves e felizes. Zeca pediu para ir até lá com ele para ajudá-lo a pôr uma carga no carro e topei de pronto, sem suspeitar que lição sobre a idiotice e ridículo dos  homens  me aguardava.
            Chegamos, subimos ao apartamento, conversamos uns minutos, esvaziamos uma lata de cerveja cada um e em seguida ajudei Zeca a levar dois sacos de lona até seu carro, um Escort preto que, perto dos montes de carros zero quilômetro que descansavam no estacionamento do centro habitacional que existia em plena USP para abrigar estudantes sem condições de pagar aluguel, era acanhado e pobre.
            Os sacos pareciam conter roupas e eram bem grandes e pesados. Enquanto ele abria o porta malas do possante, perguntei:
            “ Hã, Zeca, o que tem neles?”
            E ele respondeu com a maior calma, sem se alterar:
            “ Minhas roupas que usei durante a semana. Vou visitar minha mãe amanhã e estou levando para ela lavar.”
            Olhei para ele por um momento e fiz um comentário:
            “ Sei. Mas esse aqui está pesado pacas. “
            “ É que esse tem toda a minha roupa de cama, que tive de trocar antes da hora. Trouxe uma mina da Sociais para casa ontem e comi ela, foi um sexo bem gostoso, legal, sabe? Mas ela estava menstruada e sujou toda a minha cama. Então estou levando para minha mãe lavar e secar lá. Fazer isso aqui no Crusp com lençóis e fronhas é complicado.”
            Olhei mais uma vez para aquele sujeito, o mesmo que uma semana antes tirara um sarro de um cara de nossa sala, porque este cometia o crime de ainda morar com os pais. Não satisfeito, ainda dissera que o rapaz, que ficou quieto, tinha todo o jeito de ser um “filhinho da mamãe” que nunca se libertaria dela. Enfiei o saco no porta-malas, apertei a mão dele e fui para o ponto de ônibus. 

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