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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O fodelão bola-murcha do Centro de São Paulo Ou: estudo de caso patético




Um dos tipos mais patéticos, tediosos e dignos de pena que nosso país varonil e sua escrota cultura machista geraram é o típico machão que em rodas de homens, sejam parentes, amigos, conhecidos, colegas de trabalho, companheiros da pelada de fim de semana, etc, sempre, sempre, sempre ostenta relatos em que ele come todas, nunca broxou, jamais termina uma noitada sem 'faturar' uma mulher - sempre muito gostosa, claro - e nunca deixa de desfazer e rebaixar os infelizes e pacientes brindados por suas bravatas. Já identificaram  a espécie cabulosa, relembraram os vários com que toparam? Continuemos.
O último exemplar dessa criatura com que topei é um músico medíocre e metido a rockstar, que frequenta os bares, casas noturnas decrépitas e demais "rolês de rock" do Centro da cidade. Seu
modus operandi para desfiar seus contos fantásticos em que ele sempre é o garanhão que possui a dama (bem, damas é o que há de mais escasso nos buracos que frequentamos, se me entenderam...) consiste em afirmar, sempre que alguma garota conhecida por algum membro da rodinha de papo furado e cerveja em que estamos se aproxima para nos cumprimentar, mal a inocente moçoila se afasta, que 'pegou', 'comeu' a referida garota e perguntar se alguém da roda fez o mesmo. Caso a resposta seja negativa, tome um contar vantagem e posar de garanhão cercado de 'paus-moles' que dura minutos e minutos. A prática já virou motivo de chacotas pelas costas por parte dos mais vividos e sábios de nosso grupo social.
Pois há cerca de duas semanas, o tipinho deu a prova cabal de que é, nas palavras de um grande amigo, colaborador frequente desta tranqueira, um belo de um 'bola-murcha'.
Resolvi visitar o meu boteco favorito da rua Angústia, após algumas semanas longe, um tanto por atividades noturnas mais interessantes, outro por opção. Após me abastecer, trocar umas palavras com o dono e curtir o ótimo cantor e violonista(nenhuma ironia nessas palavras) que disparava um rock sessentista após o outro, nos fundos do bar,  com muita garra e alegria, resolvi dar uma banda pela calçada em torno, durante o merecido intervalo do guitarrero. Mal ando cinco metros, surge o el grande comedor (dose cavalar de ironia nessas palavras), acompanhado de dois amigos. Tentei desviar, mas o sujeito me percebeu, me cumprimentou todo efusivo e por pura educação me juntei àquela trupe de roqueiros patuscões. 
Conversa vai e vem, uma conhecida de três de nós surge, bêbada como uma porca. Feliz e sorridente, se insinua a todos e se retira em seguida, pois um tipinho a esperava, impaciente, e a puxou, antes que fosse cooptada por  um de nós.  Para este rodado  escriba nada de mais houve de marcante, fiz um comentário raso e usual sobre esse minúsculo incidente, mas bola-murcha tinha de se exibir: CLARO que ele já tinha traçado a moça. Mas ainda não satisfeito, afirmou que a noite não poderia terminar daquele jeito e que TINHAMOS de descolar umas mulheres, liderados por ele, óbvio, que passou a escrutinar os arredores em busca um grupo de moças dispostas a serem brindadas por nossas dignificantes companhias. Para mim, a noite poderia terminar daquele modo, pois a não muitas horas eu teria um compromisso matutino com um ser do sexo feminino, e ao qual não pretendia me atrasar dez minutos sequer; já estava mais que disposto a anunciar minha partida, quando o tipo percebe, no interior de uma lanchonete metida a besta, gourmetizada mesmo, diante da qual estávamos, um grupo de quatro belas moças na casa dos vinte e poucos, três loiras e uma morena, que segundo ele estavam a nos admirar. Cético ao extremo como sou, espiei as mocinhas algumas vezes até me certificar que não era mais uma mentira dele e para meu pasmo o cara estava certo. Começa uma discussão sobre como abordá-las, quem o faria, e nenhum consenso brotava. Resolvi mais assistir que agir e acompanhar atentamente como o autodeclarado comedor faria.
Por fim, decide-se adentrar a hamburgueria gourmet, sentar perto das beldades e puxar conversa. Tomei o cuidado de não liderar a gangue, curioso para observar como  agiria o pegador que sempre acusa os amigos e conhecidos de serem uns frouxos. E o que fizeram? Sentaram-se um tanto distante delas, não ocuparam a mesa ao lado delas, que estava vazia... As moças nos dirigiram uns olhares estranhos, que podemos muito bem supor o que significavam, não caros leitores? pois poucos minutos após pediram a conta da beberagem, pagaram e saíram. O desespero que se instalou em nossa mesa foi cômico: nos levantamos e deixamos o estabelecimento. Uma vez lá fora, elas nos encaravam mais e mais e os roqueiros pegadores não se decidiam quem seria o intrépido a mobilizar seu charme e lábia para cima delas. Bola-murcha apenas nos instigava mas nada fazia. Por fim, cansado da ceninha, me aproximei, cumprimentei as moças e engatamos uma conversa amistosa. Os demais se aproximaram uns passos e ouviram atentamente, inclusive que elas adentrariam em breve a casa noturna do lado oposto da rua - antro que abomino - e que nos convidavam  a acompanhá-las, se nos interessasse, após o que seguiram caminho.    
O final: anunciei que estava de partida, devido ao meu compromisso vindouro e os estimulei a entrar em um antro decadente, pagar trinta paus às três da manhã e tentar a sorte com as damas. 
E foi isso mesmo: o cara nos açulava a agir, sempre nos acusando de sermos uns frouxos, mas nada fez, apenas assistiu.
Detesto clichês e frases feitas, mas esta história pede uma, para ser fechada de modo correto: quem muito fala nada...
Saudações canalhas e cafajestes

Um comentário:

  1. Concordo. Tenho uma amiga parecida com esse seu conhecido. Ela também fala demais e não me convence em nada que diz.

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