Há muitos anos ouvi de alguém, em algum lugar e situação que já me fogem dessa combalida memória, que quando um membro de um casal morre, é interessante notar a reação inicial do outro, o sobrevivente que enviuvou e principalmente a posterior, como ele/ela reage logo após a morte do cônjuge e como reage mais adiante, um ou dois anos depois. Segundo essa pessoa, que mostrou grande sabedoria, a reação posterior é bem diferente, de acordo com o sexo/gênero. Ambos, homem e mulher, claro, sofrem, se enlutam, passam um tempo considerável curtindo a dor e se anestesiando com as memórias. Mas eis que passado o lapso de tempo do luto cada um reage de forma diametralmente oposta: as mulheres, as viúvas, muita da vez - não todas, claro, e não em todas as situações - passada essa fase mais dolorida, desabrocham, se libertam, passam a fazer coisas que nunca puderam antes, ficam mais plenas e livres; já os homens, ao perderem sua companheira ficam perdidos como um cachorro no meio de uma via expressa, sem rumo, sua vida deteriora, se submetem às piores influências.
Pois bem, dado que não sou mais um mancebo já há tempos, está cada vez mais comum receber a notícia de pais, tios,etc de amigos baterem as botas e também já ocorreu, claro, de ver parentes meus deixarem este mundo podre. Observando o comportamento de algumas dessas pessoas que enviuvaram recentemente - algumas delas, muito próximas a este escriba - essa peça de agudeza voltou, enterrada que estava nas masmorras fundas da memória, e se mostrou totalmente correta: os homens, ao perderem a esposa ou companheira de fato, viram uns bichos no sentido mais ofensivo da palavra; já as mulheres, assim que assimilam o golpe, crescem como seres incríveis que são. Isso, para este sujeitinho, só prova como elas são tão superiores a nós machos desprezíveis, e que nos agraciam com sua luz e magnificência.
Saudações canalhas e cafajestes
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