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quinta-feira, 23 de maio de 2019

Mais porções de sabedoria




Como este escriba está passando por uma espécie de bloqueio criativo - e também por uma fase de marasmo existencial, que na verdade é causa do dito bloqueio - segue, para esta tranqueira ao menos aparentar atividade, dois trechos lapidares da introdução do mestre e imortal João Antônio para seu não menos magistral e imortal livro Malagueta, Perus e Bacanaço, um dos mais perfeitos e inebriantes retratos de um Centro de São Paulo que não mais existe, mas que quixotes patéticos como eu continuam a buscar, em suas andanças noturnas por esse Centro.
Dois trechos que sintetizam perfeitamente o que é ser boêmio e deliberadamente fora da normalidade medíocre, ser o que os mortos-vivos que rastejam pela cidade chamam de 'derrotados, 'perdedores' (Nos orgulhamos de sermos assim considerados por vocês, gente que 'venceu na vida'!)
Os trechos:

"Parece-me que tenho um das mais puras bossas para a malandragem, entre as muitas que vi. Mas nunca vi ninguém com tanta vocação de otário."
"(...) Os porres resolvem o problema do dono do bar. E certos vícios, com autenticidade, são até virtude."

Saudações canalhas e cafajestes  

terça-feira, 14 de maio de 2019

Descobertas feitas em mesas de bar e registradas em guardanapos - XCIII

Estava este escriba no seu porão favorito, junto de seus velhos amigos e dois colaboradores mor desta tranqueira. Eis que uma musicista bem reputada em certa cena roqueira 'underground' da cidade, nossa conhecida, passa, nos cumprimenta e segue adiante. Teço comentários mais que elogiosos a ela, digo que se ela desse 'trela', se facilitasse, corresponderia com alegria e entusiasmo. Pois um dos dois, aquele que me conhece há mais tempo(são quase trinta anos de amizade e noitadas e beberagens juntos) me interrompe e pergunta:
- Vem cá, essa mina já não tem mais de 40 anos?
- 42 para ser exato, por quê?
E ele dispara a observação certeira, fatal, a frase a ser registrada, o centro dessa postagem:
- Ela não é muito velha para seus padrões?
Meu outro amigo desata a rir, nós dois o acompanhamos e por um momento, caros leitores, me senti o canalha dos canalhas.  E um acontecimento posterior, no mesmo local, na mesma noite, a ser relatado por aqui em breve, confirmaria a imagem que meu amigo pintou deste sujeitinho.

Saudações

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Inspiração Ou: sempre afiado, graças à beleza e à graça femininas

Este canalha estava em um de seus bares favoritos, o já várias vezes citados um dos últimos refúgios do rock no Centro de São Paulo e na Rua Angústia restantes, junto a ele um de seus companheiros perenes de noitadas e colaborador assíduo desta tranqueira. Era começo de noite, não haveria música ao vivo naquela exata noite e o lugar ainda estava vazio, assim o dono nos franqueou o acesso a seu computador laptop, devidamente ligado ao sistema de som, para bancarmos os djs e botarmos o melhor do rock para animar o ambiente, talvez atrair os transeuntes a entrar, beber e ouvir a boa música. Recebemos a missão sem pestanejar e executamos com louvor. Eis que as pessoas entravam, paravam para prestar atenção no que partia dos alto-falantes, pediam cerveja, até que um grupo formado por um casal e duas garotas orientais, uma delas na flor da idade, entrou, sentou-se próximo a nós, passou a ouvir atentamente a música que escolhíamos; não demorou a entabularem conversa e pedirem sugestões de casas noturnas com rock tocado por músicos, ao vivo; demos sugestões e enfatizamos que o próprio bar em que estávamos, na maioria dos fins de semana, abriga ótimos shows. Bastou isso para uma das duas orientais, a mais jovem delas, uma linda mocinha puros frescor e juventude mal entrada nos 19 anos, se tanto, se animar e pedir para colocarmos no som 'rock dos bons', pois disse conhecer quase nada do gênero. Como não reagir com entusiasmo a um pedido tão sincero feito por uma linda mocinha que exala inocência e desejo de descobrir  as delícias da vida?
Corri ao aparelho e tasquei um clássico dos The Doors, que a linda menina de olhos puxados reconheceu. Animada, se pôs a requebrar timidamente, enquanto trocava algumas palavras amáveis com este escriba, que respondia com educação e galhardia, cortejando-a de modo leve. Nisso, reparei que meu amigo nos olhava com um sorriso zombeteiro, que me intrigou.
Tenho de ser fiel aos fatos e registrar que esse papo não gerou nada mais substancioso, agradável ou memorável: o grupo decidiu ou tinha de seguir noite afora; agradeceram as sugestões, nos cumprimentaram. A mocinha se despediu com calma e naturalidade e eu, sem exageros na voz e gestos beijei-lhe sua mão e recomendei que voltasse outra noite ao bar.
Assim que o grupo ganhou a rua, meu companheiro de canalhices caiu na risada e após se refazer disse:
"Impressionante como sua verve de conversinha de canalha, quando parece enferrujada e esquecida ressurge tão afiada como sempre. Você reparou como galanteou a menina com uma leveza e tato que só canalhas de verdade conseguem ? Fez graça sem assediar ou xavecar de fato, tentando animá-la a ficar? Você é o canalha dos canalhas!"
Caí em mim, caí nas risadas também, ao tomar consciência do que ele disse, de como esse já velhusco cafajeste lançou mão de suas habilidades sem dificuldade e comentei:
"Também, com uma gracinha como essa a sua frente, querendo ser iniciada no rock, que cafajeste não afia ao máximo sua verve?"

Saudações canalhas e cafajestes

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Descobertas feitas em mesas de bar e registradas em guardanapos - XCII

"Homem não é tonto um pouco, ou meio tonto, homem é sempre tonto ao máximo!"

Da mais encantadora e inteligente mulher que este sujeitinho já conheceu, durante uma noite agradável, acompanhados de um bom vinho.

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Noites Cafajestes também é cultura

Este escriba não é tão somente um frequentador de botecos sujos, bares de rock escuros e esfumaçados, randevus, lupanares e quetais. Não mesmo! Ele também é um cultor das belas artes e da alta cultura, fiel que sempre foi, desde a mais tenra juventude, da ideia que o alto e o baixo sempre se encontram na experiência e na natureza humanas e que esse encontro deve ser aceito e estimulado.
Assim, os caros leitores não se surpreendam em saber que este sujeitinho visitou, no último feriado, a exposição dedicada ao pintor suíço Paul Klee, que ocorre em um importante centro cultural da cidade em que reside(São Paulo, como é arquióbvio).
E para esse evento, escolhi a melhor companhia feminina possível, a dama mais inteligente, sábia, desprendida e encantadora da qual privei companhia e intimidade (e ainda desfruto desse privilégio, cumpre notar; a moça em questão já protagonizou uma boa dúzia de postagens aqui da tranqueira). Eu estava certo que ela seria a melhor companhia para esse passeio cultural(claro que depois, haveria algo mais chão, mas tão necessário e prazeroso quanto: uma beberagem daquelas!) e ela não me decepcionou: em uma das últimas salas da exposição, repousa(va) o quadro abaixo, pertencente à fase final da obra do grande mestre modernista, quadro intitulado 'aniversário de casamento'. Pois minha acompanhante exibiu sua inteligência fulgurante e fez uma  leitura agudíssima da obra:
"Olha só esse quadro, sabe por que se chama 'aniversário de casamento'? O rosto em vermelho parece expressar desolação, resignação triste, e está olhando para um objeto amarelo que não dá para identificar com clareza, mas parece um abacaxi. É dia do aniversário do casamento desse infeliz e ele vê o abacaxi, o problema que isso se tornou na sua vida!"

Caros leitores, o que este pobre notívago, este canalha barato poderia acrescentar que completasse tal perspicácia? Enlacei a moça pela cintura, dei-lhe um beijo discreto e continuamos o passeio.
Saudações canalhas e cafajestes 



segunda-feira, 15 de abril de 2019

Peça de bom humor e crítica


Uma das amizades mais longevas deste escriba é com um seu colega de faculdade, sujeito brilhante, cultíssimo - foi bem mais longe que eu (e que todos os outros da nossa turma) na profissão que ambos abraçamos, não posso nem dar pista leve sobre seu nome, pois a figura é realmente conhecida fora do nosso meio profissional - e claro, como todo homem de verdade, mulherengo e canalha!
Pois então, em um dos nossos últimos encontros para papear, expor nossas filosofias baratas e claro, falar de mulheres, caímos no assunto feminismo contemporâneo e a crônica indigência intelectual, de formação, de leitura, da maior parte dessa tal 'terceira onda do feminismo' ou o que seja. Cumpre registrar, pela infinitésima vez: este escriba, como já expressou nesta tranqueira diversas vezes, acredita na igualdade entre gêneros, apoia o feminismo, mas é inimigo de sangue de radicalismos, burrice e cultura de ódio, que sim, existem dentro do movimento feminista e são bem salientes, ainda que minoria; não adianta espernear, queridas, é fato!
Aprecio particularmente discutir esse tema ao mesmo tempo espinhoso e saboroso com ele, pois, dono de uma verve impagável e raciocínio agudo e rápido, pega as frases comuns, os clichês e palavras de ordem vazios desse 'novo' feminismo e debocha deles de modo exemplar. Nessa última conversa, citei um termo que está na boca dessas 'lacradoras' já há um tempo, termo que elas citam, citam, citam, mas nunca, nunca, nunca explicam direito o que significa:
"Cara, já ouviu falar da tal 'masculinidade tóxica', que essas pirralhas tanto repetem?"
E ele, na lata, de bate pronto, sem titubear:
"Masculinidade tóxica? Que é isso? Homem que solta gases em público?Qua qua qua!"

Saudações canalhas e cafajestes  

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Porção de sabedoria de um dos mais sábios homens que já viveu



"Nunca amamos alguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos.
Isto é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa. (...)
As relações entre uma alma e outra, através de coisas tão incertas e divergentes como as palavras comuns e os gestos que se empreendem, são matéria de estranha complexidade.No próprio ato em que nos conhecemos, nos desconhecemos. "

Fernando Pessoa, Livro do Desassossego, fragmento 112