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sábado, 24 de abril de 2010

Descobertas feitas em mesas de bar e registradas em guardanapos - VIII

" Cada lugar ( casa noturna, boate, randevu, bar, o escambau) tem o príncipe encantado que suas frequentadoras merecem."

Do meu grande amigo e principal fornecedor de frases lapidares para este blog, ao saber do desfecho do acontecimento narrado em Noivinha Satânica.  

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Noivinha Satânica

   Ela surgiu na pista de dança, bem diante de mim, que estava parado no balcão, bebendo um vinho autêntico, bom e barato - uma beberagem quase impossível naquele porão pseudo-alternativo,devo informar -. sinuosa, lânguida, movimentos curvílineos e sedutores de um corpo alvo metido em uma saia  feita de camadas e camadas de renda negra e em um corpete de cor viva, justo como tinha de ser. E a música que a trouxe à pista era ainda mais improvável que o vinho: uma das minhas canções  favoritas do eterno Dead Can Dance, feita para um súcubo como aquela linda e pequenina criatura destroçar os machos presentes, uma peça sonora extremamente improvável de se ouvir naquele antro de ignorância musical, social, cultural e mental.
   Acompanhei seus movimentos, a beleza do movimento ritmado dos quadris como que tornava-se parte da carne  daquele corpinho pequeno e maravilhoso; demorei para sair do transe, beber o último gole de vinho e partir no encalço da fada noturna, após a música e a sessão de sedução findarem.
   Encontrei-a em uma mesa, com amigos. Nitidamente ela não tinha relações amorosas ou carnais com nenhum deles ou delas, assim, sentei-me e perguntei onde e como poderia ser agraciado com a dádiva de vê-la exibir seus dotes de dançarina do ventre(foram essas as palavras que usei). Ela sorriu, puxou minha mão e pediu que sentasse. 
  Nos entendemos sem dificuldades, nossas preferências e opiniões incentivavam um contato mais próximo.Mas como já disseram os grandes e verdadeiros filósofos da humanidade, o entendimento entre os corpos rara ou nunca garante entendimento entre os espíritos e todos os recalques, desejos, frustrações, neuroses, medos e taras que habitam a tal essência eterna aprisionada no desprezível e sujo corpo: após uma bela harmonia físico-corporal, durante a conversinha mole de sempre, deixei escapar algumas informações sobre  minha condição e história que entregavam: eu não era o homem perfeito que ela, mulher do rock pesado, curtidora de black metal, rainha das boates góticas do Centro de SP, fluente no idioma anglo-saxão, procurava para com ele construir uma família burguesa, estável e feliz. Decepcionada e enraivecida, não mais permitiu nenhum beijo ou carinho, apressou-se em zarpar para a segurança da casa paterna e, claro, o nome de guerra que usava na principal rede social da internet e o telefone que deixou, antes de sumir, eram falsos.
    E eu, no dia seguinte, experimentando um improvável, paradoxal e indescritível misto de pasmo e sensação de previsibilidade para com o acontecido, ponderava, um peso nos ombros, apesar da noite ter dado aquilo que nós homens no fundo sempre buscamos dela: será que algum dia toparia com uma mulher diferente de fato, que realmente despreza o sonho do príncipe encantado repleto de posses, energia e burrice e que lhe daria uma vidinha segura e eterna?

terça-feira, 6 de abril de 2010

Explique-se, seu relapso

Já não posto há quase dez dias e devo demorar mais um tanto para isso: estou muito atarefado, principalmente com as provas de revisão final de mais um livro meu (físico, em papel, e de não-ficção) que será publicado muito em breve. Peço a meus poucos e fiéis leitores desse compêndio da sabedoria da desprezível raça masculina que tenham um pouco de paciência e compreensão. Obrigado e saudações.

domingo, 28 de março de 2010

Parábola para todos que temem a mudança (e para eu mesmo)


Um guerreiro (não um cavaleiro), oriundo das áreas montanhosas, incultas e repletas de florestas do norte do reino de Sanpalus, após desilusões amorosas, aventuras sexuais e coisas típicas da juventude, um dia conheceu uma bela moça, vinda dos Reinos Interiores, uma região muito atrasada, que falsamente dizia seguir a religião que desprezava  a matéria e o corpo e só se importava com o espírito. Ele ficou desconfiado, mas ela disse ser diferente de suas parentes e conterrâneas e o convenceu de que não era uma mocinha desesperada por casar com um poltrão que a sustentaria e a suportaria, ao participar de muitas das aventuras e loucuras do doidivanas  guerreiro, que julgou ter encontrado a mulher certa, pois diferente das outras.
Como ocorre nessas histórias, casaram-se. E como ocorre nas histórias de verdade, as histórias que revelam as verdades, ela mudou muito após o matrimônio: perdeu o bom humor e o gosto pelas aventuras, exigiu que o guerreiro deixasse de lado os esportes imbecis que praticava com amigos imbecis, seu ciúme tornou-se uma verdadeira praga - passou até mesmo a controlar seu vestir, pois estava certa de que se vestia apenas para impressionar outras moças e possuí-las.  
O guerreiro tinha várias falhas de caráter, mas ao menos uma qualidade: jamais se dobrar às exigências absurdas e à histeria de uma mulher, principalmente uma interiorana e comum, como a  sua antiga princesa se mostrou. Brigaram e discutiram muito, ela até mesmo o agrediu com tapas e socos algumas vezes, mas ele tudo suportava, pois já havia brotado e florescido, daquele casamento, alguém que  tornava tudo aquilo suportável: uma princesinha, uma pequena mulher, que ele amava acima de tudo.
Mas mesmo a renovada paciência e abnegação de um guerreiro podem acabar e a de nosso herói extinguiu-se como o bafo de um dragão moribundo, após seu último suspiro, quando a mãe da princesa veio residir com eles e nosso guerreiro topou com algo estranho, assustador e terrível: a velha era uma verdadeira bruxa, uma íntima das trevas e sua presença inspirou a filha a tornar-se o mesmo.
Algum tempo depois, quando o guerreiro estava mergulhado em uma situação que indignou até mesmo outras princesas e mulheres, sempre prontas a defenderem a própria raça, a princesa comunicou que usaria a herança de seu falecido pai para comprar um novo castelo, em que todos residiriam juntos, um castelo projetado de forma a elas sempre saberem o que ele estava fazendo, com quem falava pelo comunicador mágico. Ele tremeu de fúria e ódio, mas nada disse. O novo castelo ficava no fundo de um vale afastado, remoto, um lugar bonito mas que escondia podridão em todos seus cantos, distante de toda a vida social e variedade humana que fervilhava onde antes residiam. Elas estavam felizes e satisfeitas, ele cada vez mais infeliz e revoltado. O novo castelo era a tumba do guerreiro, que sentia morrer um pouco a cada dia passado ali.
Até que uma noite ele esperou elas adormecerem e fez algo que há muito deixara de lado: a pé, sem seu cavalo, subiu através do vale maldito, habitado por esnobes, falsos religiosos e gente grosseira obcecada por riqueza, alcançou a Grande Avenida e embrenhou-se na Rua Grande e seus arredores. Lá, reencontrou-se com seu passado, seu verdadeiro ser e sua força interna. O frenesi de luzes, movimento, vida, variedade, o desfile da humanidade e suas múltiplas formas de viver, as mulheres que conheceu e tomou, tudo o preencheu de tal forma que ao retornar, quando já era dia claro, anunciou que partiria para sempre, rumo a seu verdadeiro ser e ao seu verdadeiro reino. A indignação foi grande, os homens da família da princesa o ameaçaram – derrotou e humilhou um a um em combates medonhos – , a princesa chorou e gritou, mas ele, sem jamais esquecer ou abandonar sua pequena princesa (muito pelo contrário), partiu, sem medo de ser o que realmente era.  

   

sábado, 20 de março de 2010

A verdade sobre a gentileza masculina

    Minha grande e querida amiga, que já contribuiu com frases e reflexões para este blog, mandou-me a imagem acima. É uma excelente charge, pois revela que muitas das gentilezas, palavras doces e ações aparentemente doces, enaltecedoras e galantes dos homens não passam de técnicas para o sexo ser conseguido com maior facilidade e sem empecilhos. 

segunda-feira, 15 de março de 2010

As musas dessas noites e desses dias - parte I

  Como anunciado, inicia-se uma série que contará algo sobre as musas inspiradoras do livro razão de ser do blog, sem revelar muito. Identidade de todas e deste que vos escreve, claro,  continuará nos pontos escuros e menos frequentados da noite paulistana ou na imaginação da minha fiel meia dúzia de leitores. Outra observação importante, antes de começarmos: essas mulheres não podem e certamente não querem deter o título de únicas inspiradoras desses relatos raivosos; foram uma espécie de catalisadoras, em que foquei meus sentimentos e reflexões, a figura delas permitiu dar forma literária à fúria, ao rancor e à raiva vividos não só com elas, seria injusto esqueçer de tantas outras que também contribuíram para a gesta dessas pérolas da chauvinice masculina. Então, vamos lá.
Conto semi-erótico. Ou: como perder várias noites de sua vida

  Uma revisão do meu relacionamento com S., amiga de infância bonita, lânguida, dona de linda bunda e de muitos tormentos interiores e com a qual tive uma seqüência de encontros, ficadas, enroscos e tretas, primeiro em nossa adolescência - encontros furtivos e ligeiros, longe dos olhares de pais e de nossos pares amorosos oficiais - retomados dez anos depois, quando já beirávamos os trinta anos  E por que essa historinha tão banal mereceu um conto? Bem, a constante dessa história  foi uma negação contínua: negação de sexo, de contatos mais íntimos, negação de um relacionamento bem-resolvido entre adultos, como o protagonista-alter ego pergunta à personagem que representa S., no fim do conto: " por que os adultos, que se dizem sabidos, espertos e vividos, não são diretos e sinceros nas relações amorosas, preferindo joguinhos para esconder suas intenções, como se fossem adolescentes que moram sozinhos?"
  Sim, durante anos corri atrás dela como um autêntico idiota, deixando-me levar pelo joguinho de insinua-foge típico das fêmeas e por algo tão forte quanto, que parecia sepultado mas ressurgiu em plenitude, há pouco: uma amizade que atravessou décadas, pois ela nunca deixou de ser amiga. Mas  ela é uma mulher,  portanto foi como uma lei matemática coisas estranhas ocorrerem: S. me empurrava algumas lindas e deliciosas amigas, falando a elas maravilhas a meu respeito, mas nunca permitiu que eu tivesse dela mais que rápidas bolinações nas pistas dos porões góticos e casas de rock mais podres desta cidade e vislumbres de sua lingerie...
  Em suma, este primeiro conto é a história da busca por uma trepada que nunca ocorreu e de como isso foi resolvido de maneira ao mesmo tempo bastante carnal e simbólica. E cometi uma impropriedade e tanto com esta narrativa: mostrei-a a sua inspiradora, que ficou desconcertada com o que leu.
  Por fim, se querem saber um pouco mais sobre eu e a moçoila, leiam a postagem "Crônica de uma noite que não terminou mal, mas não será louvada", principalmente os comentários.     
Saudações



sábado, 6 de março de 2010

Nova velha definição

   Um dos amigos canalhas que contribuem com reflexões, relatos e frases para o acervo e a grandeza deste blog está envolvido com uma mulher cujos vários dotes físicos e intelectuais são eclipsados por sua cobrança cada vez mais histérica  por um relacionamento oficial, careta e certinho, do tipo ir ao cinema de shopping de mãozinhas dadas, coisa que causa calafrios do mais atávico horror nele. Ela, cansada das escapadas e dribles dele, companheiro meu de muitas noites cafajestes e canalhas, o chamou, há pouco, de "canalha noturno", e num tom de desprezo, repugnância e raiva fervilhantes, segundo o relato dele, que claro, exultou com o termo, o considerou uma nova forma para algo antigo e eterno e, para fazer juz ao nome, saiu-se com esta: "muito boa, tem um amigo que pesquisa e registra a canalhice masculina e que vai adorar a expressão."  Bem, aí  ela transformou-se de vez em uma bomba nuclear de hidrogênio, afinal, sarcasmo é uma das grandes qualidades humanas que nós mesmos menos toleramos.
    Encerro esse texto inútil e fútil com uma reflexão-pergunta: quando as mulheres vão perceber que nomes como canalha, cafajeste, crápula e assemelhados são, para os homens de verdade, sempre elogio, nunca ofensa?